A casa dos sonhos
Uma dessas pessoas é a passageira da Ecobus, Ednéia Cirino Martins, de 33 anos, que mora no bairro da Enseada, na costa norte.
Néia nasceu em Minas Gerais e, como muitos migrantes, chegou à cidade trazendo pouca coisa na bagagem, mas com uma certeza: que construiria um lar em São Sebastião.
Casada e com um bebê para cuidar, ela arranjou um emprego como caseira, onde ficou durante 3 anos. Nesta época, a sua moradia se limitava a um quarto e um banheiro.
Apesar das dificuldades, ela alimentava todos os dias o sonho de ter sua própria casa. Com o tempo, ela conseguiu juntar um dinheiro para comprar o terreno e com muita dificuldade foi levantando as paredes. Foi quando um acontecimento quase pôs tudo a perder.
Os patrões de Néia ficaram sabendo da construção e, num sábado à tarde, pediram que ela e sua família desocupassem o quartinho e fossem embora.
Sem ter onde morar e desempregada, Néia ficou durante 7 meses morando de favor na casa de um amigo. Foi um dos piores momentos de sua vida.
- Eu havia perdido tudo. Saí apenas com uma mala de roupas.
Obstinada a não voltar para sua terra natal, Néia começou a procurar um novo emprego e encontrou nos classificados de um jornal. Daí por diante as coisas só melhoraram.
Após 10 anos, juntando cada tostão que ganhou trabalhando como doméstica e fazendo faxina nos finais de semana, ela tem o orgulho de dizer que realizou o sonho de ter sua casa própria.
E você pensa que é qualquer casinha? Que nada. A casa tem 3 quartos, sendo uma suíte, dois banheiros, uma sala grande, e é ali que ela pretende morar até o último dia de sua vida.
- Eu me esforcei muito para construir esta casa. Cada R$ 50 que ganhava com faxina era para comprar massa corrida, cimento e outros materiais. Eu não vendo essa casa por nada neste mundo.
O próximo sonho de Néia é ver o seu filho Wesley sendo professor de computação, a grande paixão do menino. Alguém duvida que ela vai conseguir?