quinta-feira, 14 de julho de 2011

Para Aquecer o Coração VI

A guerreira da arte



A diretora de teatro, Márcia de Siene é uma das sobreviventes da época da ditadura militar que, na década de 60, perseguiu os artistas, intelectuais, enfim, todos que ousassem a pensar com liberdade.
Hoje quem vê essa mulher brincando com as crianças, atrás da coxia do teatro ou no ponto esperando o ônibus da Ecobus não tem a menor noção do quanto ela precisou lutar para chegar até aqui.
O amor de Márcia pelas artes cênicas é antigo e teve início na infância quando, aos 14 anos, ingressou no curso de Conchita de Moraes, em São Paulo.
Com vontade de investir na carreira, ela se mudou de mala e cuia para o Rio de Janeiro e, durante 4 anos, teve aula de teatro com o Ziembinski. Nesta época, ela também se envolveu na luta contra o regime ditador, escreveu uma peça “Mundo Selvagem”, que foi proibida e comeu o pão que o diabo amassou, em prol de um ideal.
Em 1982, ela trabalhou na novela da TV Globo, Selva de Pedra, como assessora de elenco. No entanto, já cansada do mundo artístico e decepcionada com o rumo de sua carreira, Márcia até que tentou mudar a sua história e, por 3 anos, freqüentou um curso de medicina.
O seu afastamento dos palcos só a fez perceber o quanto precisava do teatro para ser feliz. Mesmo assim, ela ainda tentou desistir das artes cênicas. Mudou- se para São Sebastião e, durante 6 anos, trabalhou no Hospital de Clínicas como instrumentadora cirúrgica.
Quando tudo parecia ter se ajeitado, o destino colocou Márcia de volta aos palcos, dessa vez, por um caminho mais dolorido. Ela sofreu um derrame e sua mão direita ficou paralisada, o que provocou seu afastamento do hospital.
Com isso, Márcia voltou a se dedicar ao teatro e durante 14 anos deu aulas para as crianças carentes da cidade, contratada pela Prefeitura.
Há 5 anos, a diretora de teatro descobriu que estava com câncer no maxilar. Diante deste novo desafio, ela mais uma vez se apegou ao amor que sente pelo teatro e com fé e muita luta conseguiu recuperar a saúde.
Os anos passaram, mas essa mulher ainda preserva o amor pela arte e pela liberdade de pensamento é só prestar atenção ao modo como fala dos seus alunos, da nova peça que está ensaiando e principalmente quando fala sobre o que espera da vida.
– Eu amo o ser humano e tenho fé que a vida vai melhorar. Não é possível existir tanta falta de solidariedade.

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