terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A caçadora de raios

Era uma vez uma caçadora de raios. O seu objetivo? Ora, caçar raios.
Qualquer um? Sim.
Tem medo? Sim.
Medo de que? Ela não sabe, nunca parou para pensar, o seu trabalho absorve muito tempo e energia.
Mas, ela nunca cansa? Claro, que sim. Pensando bem...
O que foi? Nada.
Conta vai..., nunca conheci uma caçadora de raios.
Estou tentando...
Porque toda história começa com “Era uma vez...”
Ah, sei lá. Você quer ou não ouvir a história?
Sim, sim. Desculpe.
Não se desculpe, se você fosse uma caçadora de raios aprenderia a aproveitar melhor o seu tempo.
Apenas silencie a sua mente e abra as portas do coração.
Eu vou contar a história de uma caçadora de raios que eu adoraria ter por mais tempo ao meu lado, mas ela é apressada demais.
O seu nome... eu nunca consegui saber, apesar de já ter perguntado algumas vezes. Assim, como os raios ela aparece e desaparece tão rápido como os meus pensamentos.
Quem é você?, perguntei. É nova na rua?
Sou uma caçadora. Preciso ir rápido.
Posso ir com você?
Não.
Pode ficar comigo?
Não.
Já repeti esse diálogo muitas vezes. Sempre igual, ela vai embora e eu fico imaginando por quais raios ela me abandona.
Gosta da luz? Gosta do fogo?
Ã?
O que a faz correr tão rápido?
Ã?
Nosso diálogo é rápido, mas não canso de tentar compreendê-la. Já percebi que, por enquanto, está absorvida em uma missão e sobra pouco espaço para uma pessoa como eu, que fica esperando a vida passar, sentada no muro em frente de uma casa.
Às vezes, como hoje, fico imaginando-a correndo por campos de lírios, sob o céu de cor negra, veloz, confiante e pouco prudente.
Os raios são lindos, raros e fugazes. Gostaria que me levasse junto em uma de suas aventuras. Ou ao menos dividisse comigo as suas emoções.
Você é uma menina jovem, mas o tempo passa. O que terá feito de sua vida?
Só espero que não vá tão longe e esqueça o caminho de volta a mim.
Ela me olhou de um jeito estranho e percebi que não acreditou em nenhuma palavra que eu disse.
A caçadora de raios não quer ouvir, não quer parar de correr atrás da luz, do brilho..., mas isso é tão solitário. Você não acha?
Em dias de sol, como no domingo passado, ela estava aonde? Com quem?
O que faz quando não está correndo atrás de raios?
A liberdade sem uma causa é solitária.
Ouviu?
Ã?


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