segunda-feira, 28 de maio de 2012

África: Além do meu olhar


O nosso tour pelo mundo das artes continua e dessa vez atracamos o navio no litoral da África Ocidental.
Mas, que movimento é esse?
Centenas e centenas de negros estão sendo transportados para navios portugueses. 
É início do século 16 e o comércio escravagista com Portugal está a todo vapor.
Além de africanos, os portugueses levam para os navios algumas peças muito delicadas feitas em mármore, por artesãos habilidosos de Serra Leoa, Benin e o Reino do Congo. Todos parecem encantados. 



Saleiro - Nos séculos XV e XVI, inúmeras peças manufaturadas em marfim chegaram a Lisboa, primeiro da Serra Leoa e depois do Benim. Este tipo de peças despertou o interesse de uma clientela européia ávida em possuir objetos raros.  O saleiro de marfim do Benim destaca-se como um dos primeiros testemunhos artísticos dessas encomendas, e nele se revela o encontro de culturas proporcionado pelos portugueses no período dos Descobrimentos.

E, por curiosidade, meus olhos deitam sobre essas peças e vejo que, além de belas, são recipientes úteis, como saleiros, potes para pimentas, berrantes, cornetas, colheres e garfos.
O colorido das roupas chama a minha atenção e depois fico sabendo que são tecidos feitos de fibra de ráfia do Congo, muito admirados na Europa.
Também percebo alguns objetivos mais estranhos, como um cachorro de duas cabeças.


– É um nkisi na forma de kogo (cão), um talismã de madeira, as duas cabeças permitem ver tanto esse mundo quanto o mundo dos mortos, explicou o meu colega. 

Eu também estranho alguns homens mascarados e logo me acalmam dizendo que é um costume do país usar máscaras em cerimônias para homenagear os ancestrais, dessa forma ajuda a distanciar o ator, quase sempre homem, do seu personagem.


Além disso, em alguns espetáculos as máscaras incorporam a energia associada aos espíritos invisíveis da floresta, do mar ou dos animais selvagens. Em outros, escondem uma força perigosa, com poder de curar ou prejudicar, que nunca pode ser vista por pessoas comuns.



O impacto é dramático e permaneço no meu lugar olhando aquele colorido de gente e tecidos como se estivesse hipnotizada. 



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