segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O Oriente é logo ali

Com a chegada do motor a vapor e a construção das ferrovias, muitos artistas viajaram até a Turquia, Marrocos, Egito e a Península ibérica, no século 19, dando início a um estilo de arte que ficou conhecido como Orientalismo.
Mas, porque o Oriente? O interesse por essa região foi em parte estimulado pela invasão do Egito por Napoleão Bonaparte, em 1798. 
As obras se caracterizam por um estilo realista e pela precisão das imagens, que retratam os lugares e costumes desse povo. 
Um dos artistas que fizeram sucesso nesse período foi Jean- Auguste Dominique Ingres, que pintou “O banho turco”, onde mostra diversas mulheres nuas, em posições sedutoras e voluptuosas.
 A forma circular do quadro é para passar a impressão de que as mulheres estão sendo observadas pelo buraco da fechadura. Já naquele tempo existia o voyeurismo.
O interessante é que Ingres nunca chegou nem perto do Oriente. Aliás, isso era comum, muitos criavam suas obras baseados em conceitos pré- concebidos que tinham sobre o Oriente.
E como estamos falando sobre o Oriente, eu vou puxar sardinha para o meu lado e dar um enfoque especial ao Japão.
Eu vou falar especialmente do fim período em que, por pressão da Grã- Bretanha e dos Estados Unidos, o Japão começa a se abrir para o mundo exterior, marcando o fim do xogunato.
Nesse período vieram a público as gravuras de paisagens de Hokusai e Hiroshige, o “Circuito da cachoeira” é um exemplo típico. A cena mostra a cavidade redonda da cachoeira, que lembra a cabeça de Amida – O Buda da Luz Infinita.
Na gravura há predomínio da cor azul feito com corante anil sintético, importado do ocidente no início século 19 e que, em pouco tempo, substituiu a cor feita à base de plantas.
Como pode ver, não demorou muito para o Japão se adaptar aos costumes ocidentais.
Por outro lado, os europeus também não resistiram aos encantos desse país e passaram a colecionar com avidez a arte japonesa, como estampas ukiyoe, bronzes, cerâmicas, trabalhos laqueados, esmaltados e têxteis.
O entusiasmo pelos produtos japoneses foi tanto que fez surgir um estilo conhecido como “japonismo”.
Uma das mais famosas imagens da arte japonesa no Ocidente, feitas em xilogravuras, é “A grande onda de Kanagawa”, criada por Hokusai, em sua série “Trinta e seis vistas do Monte Fuji”.
No quadro, a onda parece ter vida própria e prestes a esmagar os barcos. A espuma se assemelha a garras. A ferocidade da onda contrasta com a serenidade do Monte Fugi ao fundo.
Será um tsunami?
Uma curiosidade é que ao longo da carreira esse artista usou mais de 30 nomes diferentes para assinar os seus quadros.
Passado o período de euforia, muitos artistas continuaram se inspirando nesse estilo, entre eles Claude Monet, que exibiu “A Japonesa” (Camille Monet vestida em trajes japoneses) na segunda exposição impressionista em Paris.
O pintor Vicent van Gogh também se inspirou nesse estilo ao fazer o quadro “Amendoeira em flor”, conforme confidenciou à família.
A arte japonesa encanta ainda hoje pela suavidade e delicadeza dos traços.

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