sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Mande a tristeza se ferrar, recomece!


Outro dia uma amiga me contou que estava passando por um período de muitas incertezas porque o contrato de trabalho dela estava terminando, o filho seguia internado no hospital passando por um tratamento complicado e, depois de muitos anos, ela estava novamente morando com os pais para economizar o dinheiro da rescisão.Diante do quadro é para imaginar que a minha amiga estivesse triste e chorosa, mas não. Ela estava com um sorriso no rosto e a voz calma.



Nós nos despedimos, eu fui embora com o sorriso dela na minha memória e voltei ao tempo em que eu também enfrentei situações parecidas.
Já faz alguns anos, eu fui demitida do emprego e senti que seria o fim da minha carreira de jornalista.
Durante um tempo eu fiquei em casa, indo do quarto para a sala, vestida de pijama, como se a vida tivesse perdido toda cor.
Os dias foram passando e até os meus familiares, que a princípio tinham sido solidários, se cansaram da minha história triste.

Pudera, todos tem os seus problemas.

Eu já não tinha com quem desabafar o meu infortúnio, precisava cuidar de dois filhos pequenos, pagar as contas, mas me sentia vazia e sem saber como recomeçar.
Foi nesta época que eu entendi que nós somos capazes de morrer e renascer muitas vezes durante uma única vida.
Lembro que havia uma lata de tinta em casa e eu comecei a pintar algumas paredes, depois mudei os moveis de lugar e no fim da semana estava fazendo uma horta.
Eu sei que você pode achar uma loucura eu ter feito isso ao invés de ter ido procurar um emprego.
Mas, é preciso que você entenda que eu estava tão triste e sem fé na minha capacidade profissional que, antes de procurar um emprego, eu precisava me reencontrar.
Eu precisava sentir que era capaz e que eu tinha valor.
A minha casa ficou bonita com as novas cores nas paredes e deu tanta alface na horta que eu precisei distribuir para a vizinhança.
Eu me acalmei, consegui pensar no que gostaria de fazer sem ficar lamentando o passado e tive a ideia de propor uma parceria com o jornal da cidade, onde passei a escrever sobre turismo, um assunto que eu adoro.
Depois disso, ainda sofri muitas quedas, mas nunca doeu tanto como daquela vez.
Eu acredito que todas as pessoas já enfrentaram altos e baixos durante a vida e se isso ainda não aconteceu é apenas por uma questão de tempo.
Quando vamos a nocaute e nos levantamos percebemos que a morte de um sonho ou de um amor não precisa significar o fim, pode ser um recomeço.
E se hoje está sendo um dia particularmente difícil, procure lembrar que na vida tudo é passageiro e não importa o quanto você esteja se sentindo injustiçado, desorientado ou pronto para desistir, a vida não vai parar e esperar você recuperar o fôlego.
Tudo continuará a existir como antes, mesmo sem você.
Sempre existirá alguém que não vai se importar com a sua tristeza e não sentirá falta da sua presença.
Sempre existirá alguém que não ligará a mínima para você ou para o que você pensa.
E você vai morrer por causa disso? Vai ficar na cama chorando e se descabelando?
Não é fácil deixar tudo para trás e seguir em frente quando temos lembranças boas do passado, mas é possível.
Veja o exemplo da minha amiga, aquela sobre quem eu falei no início e me inspirou a escrever esse texto.
Lembra que eu disse que ela estava passando por momentos de incertezas, mas mantinha o sorriso no rosto?
O sorriso dela diante das dificuldades é uma forma dela mostrar que confia no amanhã, que vai lutar pra valer e não se conformará enquanto não tiver novamente o controle sobre a sua vida. Não duvido, nem por um segundo, que ela vai conseguir.
Todos temos dentro de nós essa força interior, que nos impulsiona a seguir em frente e lutar contra nossos medos e inseguranças.
Essa força não está no nosso antigo trabalho, não desaparece quando perdemos um amor ou deixamos a nossa casa.
Ela também não some com o tempo, mas precisamos buscá-la com fé, ânimo e uma certa dose de rebeldia para, se for preciso, desafiar o mundo para ser feliz.


Nenhum comentário:

Postar um comentário