sexta-feira, 18 de maio de 2018

Passeio no Marais e a visita a Casa do escritor Victor Hugo

“Seja como os pássaros que, ao pousarem um instante sobre ramos muito leves, sentem-nos ceder, mas cantam! Eles sabem que possuem asas”. (Victor Hugo)


O Marais (marais é pântano em francês) é um dos meus bairros preferidos em Paris, na minha lista de favoritos perde apenas para o Quartier Latin.
Uma das atrações principais deste bairro é a Place de Vosges, também conhecida por Place Royale, a mais antiga praça planejada da cidade, com estátuas e fontes.
Em um dia ensolarado, o gramado é um dos lugares onde os parisienses aproveitam para relaxar, encontrar os amigos, fazer um piquenique e até tirar uma soneca.



Ao redor da praça ficam os prédios de tijolinhos vermelhos e tetos pontudos de ardósia, todos da mesma altura com exceção dos Pavilhões do Rei e da Rainha.
Dizem que os reis apesar de morarem no Louvre nessa época, gostavam mais do “pequeno” palacete do que do grande castelo.


Por ser um lugar prestigiado desde a sua construção, a Place des Vosges atraiu moradores ilustres, o mais famoso de todos é o escritor Victor Hugo, que viveu no número 6, entre 1832 e 1848, e que teve seu apartamento transformado em museu.


O passeio até a casa do escritor Victor Hugo é muito agradável.
Durante o caminho pelas arcadas do prédio, você vai passar em frente de restaurantes, cafés, galerias de arte, lojas e, dependendo do caminho que fizer, vai descobrir um dos prédios mais bonitos da cidade: o Hotel de Sully.



Este prédio foi construído na mesma época que a Place des Vosges. A visita ao seu interior não é permitida, mas é possível atravessar seus jardins.
Victor Hugo viveu no apartamento em frente a Place des Vosges durante 16 anos, onde escreveu grandes romances, inclusive parte de Os Miseráveis.
Ele tinha 30 anos quando se mudou para este local com sua esposa Adele. Eles tiveram quatro filhos.
Quando se mudaram para este apartamento o escritor já havia publicado Notre-Dame de Paris (1831) e era considerado um dos chefes do Romantismo.


Muitas personalidades da época frequentaram o apartamento, como Delacroix e Alexandre Dumas.
Durante o tempo que morou aqui, a família viveu um de seus maiores dramas: a morte da filha mais velha de Victor Hugo, Leopoldine, de 19 anos, que morreu afogada no Sena com o marido, em setembro de 1943.


Em 1848, período de grande instabilidade em Paris, Victor Hugo era deputado e esse apartamento foi invadido pelos revoltosos. Com medo, a família se mudou e nunca mais voltou a viver na Place de Vosges.
Hoje, o apartamento transformado em Museu, não é uma reconstituição exata da residência e sim um resumo da vida do artista.
As salas são divididas em: Avant l’Exil (antes do exílio), Pendant l’Exil (durante o exílio) e Depuis l’Exil (após o exílio).


A sala Avant l’Exil, com chão de mármore negro e calcário, representa a infância, juventude e os primeiros anos de casado do escritor, ou seja, os anos antes de morar na Place Royale.
Um dos destaques é o quadro do general Hugo, pai do artista, ao lado dos irmãos Louis e François e do filho Abel. Ele foi pintado por Julie Duvidal de Montferrier, esposa de Abel.
Em seguida, entramos no Salon Rouge (Salão Vermelho), o único cômodo que mostra a vida da família na época em que viveu no apartamento.


Contam que o bom gosto na decoração chamava atenção dos ilustres frequentadores da residência, que vivia cheia.
Foi Victor Hugo em pessoa que decorou o apartamento. Ele adorava ir a feiras e lojas de antiguidades, e comprar objetos e móveis que não combinavam entre si, para o desespero de Adèle. Mas, o resultado era um sucesso.


Nesta sala há também obras de Hugo realizadas pelos amigos do escritor, que eram visitas frequentes no apartamento. Um exemplo é o busto realizado por David d’Angers.


Há também um retrato de Adèle Hugo, realizado por Boulanger, entre outras obras.

Pendant l’Exil

Em 1851, após denunciar o golpe de Estado de Napoleão III, Victor Hugo parte para o exílio. Serão 19 anos vivendo fora, primeiro em Bruxelas, depois na ilha de Jersey e, por fim, em Guernesey (estas duas fazem parte das Ilhas Anglo-Normandas, dependentes da Coroa Inglesa).
A família consegue partir graças a documentos falsos arranjados por Juliette Drouet, que foi amante do escritor por 50 anos.
Alguns dias depois, ela se junta ao amado, trazendo na mala os manuscritos dele, entre eles Les Misérables quase terminado.


Nesta parte da visita, entramos no Salon Chinois (Salão Chinês), reconstituído integralmente, mostra a fascinação do escritor pelo oriente, muito comum nos artistas da época.
Outro espaço é a Salle à Manger. Aqui também a decoração é de Victor Hugo para a casa da amada. Desta vez a inspiração é medieval, paixão já revelada no romance Notre-Dame de Paris.


O autor transforma, por exemplo, cofres antigos em bufê, e portas monumentais em tampo de mesa. O gosto do medieval também era moda no século XIX.


Depuis l’Exil

Victor Hugo voltou para Paris em 1870, com a destituição de Napoleão III e foi recebido como herói.
Ele se mudou para o número 21 da rue de Clichy e, nessa época, mais dois de seus filhos já estavam mortos: Charles e François-Victor, assim como a sua esposa Adèle.
No cômodo, que era o seu Gabinete de Trabalho, na época da Place Royale, estão expostos alguns objetos desta fase da sua vida: o busto realizado por Rodin e outros.


Em 1878, Victor Hugo se mudou novamente de casa, dessa vez o 130 avenue d’Eylau (hoje Avenue Victor Hugo).



É a última residência, já que ali morreria em 22 de maio de 1885. Neste cômodo, que também era o quarto do escritor na época da Place Royale, está reconstituído o quarto da avenue d’Eylau, com a decoração e a cama onde Victor Hugo morreu.


Mesmo quem não se interessa por literatura vai gostar de visitar o apartamento de Victor Hugo. Andar pelos cômodos da casa é fazer uma viagem no tempo e um meio de conhecer os costumes da sociedade em que ele viveu.



Victor Hugo

Maison de Victor Hugo
6 Place des Vosges
75004 Paris

Metrô: Bastille – linhas 1, 5 e 8
Saint-Paul – linha 1
Chemin Vert – linha 8

Horários: de terça a domingo, das 10h às 18h.
Gratuito para o acervo permanente
As exposições temporárias são pagas

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