terça-feira, 10 de setembro de 2019

Ollantaytambo: a cidade habitada pelos incas


Ollantay é um pequeno vilarejo protegido pelas montanhas do Vale Sagrado dos Incas. Para alguns esse lugar foi uma fortaleza, mas há quem acredite que fosse também uma cidade - alojamento, um lugar onde os guerreiros descansavam quando retornavam das lutas pela ampliação do império.
Se não fossem os milhares de turistas que ocupam as suas ruas, os sotaques diferentes, celulares e câmeras fotográficas de último tipo, eu conseguiria imaginar como era viver ali no passado.
Nós chegamos em Ollantay à noite e me lembro como se fosse hoje.
O hotel “El Albergue”, onde ficamos hospedados, ficava dentro da estação de onde saem os trens rumo à Águas Calientes, onde fica Machupicchu.


A princípio, eu estranhei o lugar do hotel e cheguei a pensar que seria difícil dormir com o barulho dos trens, mas nada disso. O quarto era enorme, tranquilo, com móveis antigos e roupas de cama cheirosas e limpinhas.


Nós tínhamos lido que o restaurante deste hotel era incrível e pudemos confirmar que é mesmo.


Eles usam somente produtos fresquinhos de sua própria horta, além disso, produzem seu próprio café e sua cerveja artesanal.




Também descobri que, além de uma horta enorme, o hotel abriga uma comunidade educativa intercultural voltada para as crianças locais. 

Yachai Kuska - Escola intercultural

Cartaz encontrado na escola: "Não pretendo mudar o mundo, mas no pedacinho que eu vivo quero fazer e ser a diferença". 
Na manhã seguinte, acordei cedo e fui dar uma volta pelo hotel. Me dei conta da beleza do lugar, cercado pelas montanhas.



Depois de tomar um super café da manhã, nós decidimos conhecer a cidade porque o nosso trem para Machupicchu só partiria às 15 horas.
O hotel não ficava longe do Parque Nacional de Ollantay e fomos andando.


Mas, logo percebi que um meio de transporte muito comum por lá é o “pasadero” ou moto- táxi.
Mas, neste dia, sinceramente, eu não estava muito animada para subir montanhas para ver ruínas ainda bem que o meu marido insistiu.


Depois do passeio pelo Vale Sagrado, no dia anterior, achei que já tivesse visto um pouco de tudo e a minha expectativa era chegar logo em Machupicchu.

Essa é a minha dica: Aproveite todos os minutos em Ollantay. E, por favor, faça o passeio ao Sítio Arqueológico. É demais!


Lá eu descobri a lenda do amor proibido entre o general Ollantay e a princesa Estrella, filha do imperador inca, Pachacutec.
Diz a lenda que, ao descobrir o caso de amor, o imperador trancou a filha em uma masmorra e iniciou uma perseguição contra Ollantay, mas que o general conseguiu se proteger na fortaleza e nunca foi capturado.


Após a morte do imperador Pachacutec, os dois apaixonados finalmente ficaram juntos. É uma lenda de amor, não necessariamente verdadeira, mas totalmente encantadora.


Lendas à parte, nosso guia explicou que Ollantay – além de fortaleza - foi na realidade uma cidade-alojamento, localizada estrategicamente para dominar o Vale Sagrado dos Incas.

Sistema de encanamento de água criado pelos incas
Aliás, é a única cidade da era inca no Peru ainda habitada. Em seus palácios vivem os descendentes das casas nobres cusquenhas.

Templo do Sol - Esses blocos foram transportados por muitos quilômetros até o alto da montanha
Um dos locais mais incríveis é o Templo do Sol, construído com pedras gigantescas, que são encontradas a alguns quilômetros da cidade, o que revela o domínio de técnicas avançadas de transporte de rochas.

Pedras que seriam usadas no Templo do Sol estão abandonadas no local
Infelizmente, com a chegada dos espanhóis, eles não conseguiram concluir a construção do templo e ainda existem pedras soltas no local.

Montanha onde aparece a metade de um rosto. Na parte marrom, é o silo (depósito) de alimentos construído pelos incas
Uma das montanhas que cercam a cidade mostra formações rochosas que lembram a metade de um rosto, aparentando com um rei de barba e coroa. Mais um mistério!

Detalhe aproximado do rosto e do silo de alimentos
Eu li que o rosto apareceu após um terremoto que aconteceu no século XX.
Ao lado do rosto existe um silo de alimentos, que muitas das vezes é confundido com uma prisão.

Uma das portas da Fortaleza
A localização do silo foi muito bem planejada, mesmo em dias de sol intenso, o vento forte que bate na montanha mantém o local bem fresco, favorecendo a conservação dos alimentos.


Após passear pelo Sítio Arqueológico, caminhe pelas ruas estreitas da cidade, cercadas por muros e tenha a sensação de andar em um labirinto.
Aproveite o seu dia neste vilarejo porque sentirá saudades. Vai por mim.




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