terça-feira, 8 de outubro de 2019

Santa Teresa: de volta à Belle Époque Carioca


No topo da colina, o passeio ao bairro de Santa Teresa me transporta para uma época de luxo e glamour dos anos 20, a “Belle Époque carioca”.
Pelas ruas sinuosas e íngremes, passa um bondinho que parece ter saído direto do túnel do tempo. É uma boa maneira de conhecer o bairro, mas na minha opinião está longe de ser a melhor alternativa.
Se estiver com tempo e disposição prefira caminhar pelas ruas, sem pressa, com algumas paradinhas para ver o mar.




Ao fazer isso você vai entrar no clima do bairro, onde os brechós convivem lado a lado com boutiques modernas e sofisticadas e existem botecos e restaurantes com preços que cabem em todos os bolsos.

Um deles é o restaurante Nega Teresa, onde eu almocei um PF (Prato Feito) de respeito, acompanhado de uma cerveja super gelada.


Outra características marcante do bairro é a presença dos casarões antigos, que ladeiam as ruas. É impossível não reparar neles porque estão em toda parte.

O bairro de Santa Teresa também é famoso por concentrar uma grande variedade de lojas e estúdios de arte.  


Por falar nisso, em “Santa” há dois locais fantásticos que você precisa conhecer: o Museu da Chácara do Céu e o Parque das Ruínas.

Aliás, esses dois lugares foram os motivos principais do meu passeio pelo bairro.

PARQUE DAS RUÍNAS


O primeiro lugar que visitei foi o Parque das Ruínas, uma casa construída nos tempos áureos do Rio de Janeiro, que hoje foi transformada em galeria de arte.


O casarão pertenceu a Laurinda Santos Lobo, que foi uma mecenas da Belle Époque carioca, conhecida como a “marechala da elegância.


Na década de 1920,  aqui era o ponto de encontro do Modernismo no Rio de janeiro, um dos pontos mais badalados da vida cultural. 


Era um local de festas que reuniam famosos e figuras proeminentes da época, como o maestro Villa-Lobos, a pintora Tarsila do Amaral e a bailarina Isadora Duncan.

Enquanto eu estava lá, vi um casal dançando no mirante. Talvez quisesse sentir como eram os bailes que aconteciam ali no passado.


MUSEU CHÁCARA DO CÉU


Descendo a rua, há poucos passos dali, fica o Museu Chácara do Céu, onde está guardado uma parte da coleção particular do colecionador de obras de arte e industrial, Raymundo Ottoni de Castro Maya, um dos milionários mais conhecidos do Rio de Janeiro, na década de 1920.

Ao passear pelo interior da casa, construída em estilo moderno, é como se o proprietário ainda morasse lá.

O acervo está distribuído por varios ambientes. Logo na entrada, tem um retrato do proprietário, feito por seu grande amigo, Cândido Portinari.  

Quadro “Nu Deitado”, de Di Cavalcante
Ao subir a escada cheguei a um hall com  piso de madeira. 

O local é cheio de seguranças porque, depois eu fiquei sabendo,  a Chácara do Céu foi palco do maior roubo de arte que já aconteceu no país até hoje.


Uma das portas neste hall dá para a sala de jantar. Neste local, estão expostos os quadros de pintores franceses. 


Entre eles, o quadro “A falésia de Étretat”, de Gustave Coubert.


Outra porta neste andar leva à biblioteca e escritório do industrial.


Num corredor estreito, estavam expostas as peças de ceramistas nordestinos, entre eles, Mestre Vitalino.


No antigo quarto de hospedes da casa, encontrei a coleção de arte brasileira, com principal destaque para os pintores do Modernismo.


Entre eles, estavam os quadros “O Sapateiro de Brodósqui”, de Cândido Portinari; “Vista de Ouro Preto”, de Djanira; “Os noivos”, de Guignard e “Paixão”, de Manabu Mabe.

Eu reservei uma manhã inteira para passear pelo bairro de Santa Teresa e finalizei com um delicioso almoço, mas é possível ficar o dia todo por ali.




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