sábado, 18 de janeiro de 2020

Manhã de sábado



Hoje eu acordei com urgência de ser feliz, quem dera fosse assim todas as manhãs.
Geralmente acordo com muita preguiça e levanto antes da minha alma se ajustar ao corpo, mas hoje foi diferente.
Eu abri os olhos e senti uma vontade enorme de viver. Sair por aí, sem eira e nem beira, como diz o ditado.

Minha avó Zenita sempre que podia me lembrava que eu tinha nascido para ser um passarinho.
Na época, atolada de trabalho e com filhos pequenos, me sentindo presa a tantos compromissos e contas a pagar, isso não fazia sentido.
Hoje, meu tempo é outro.
Filhos crescidos, com estabilidade financeira já algum tempo, talvez tenha chegado a hora de voar.
Eu acordei pensando nisso essa manhã. Levantei da cama e coloquei para tocar um sambinha gostosinho, dois passinhos pra lá e outro pra cá.
Me vi rodopiando na cozinha, enquanto fervia a água para o café e colocava o pão de queijo no forno.
Ainda dançando cortei uma bela fatia de bolo de laranja, que comi com as mãos mesmo e depois lambi os dedos.
Escolhi a minha xícara favorita do momento, feita pelas mãos habilidosas da minha amiga Bernadete, e me refugiei na poltrona de couro marrom.
Só então olhei para fora e percebi que o tempo estava cinza e o chão com algumas poças de água da chuva que caiu a noite passada.
O tempo aqui fora não parece com o tempo aqui dentro de mim, mas me deixei levar e aos poucos fui acalmando.
A tal vontade urgente de viver foi dando espaço a um sentimento de paz.
As plantinhas parecem tão relaxadas, ouço o canto dos passarinhos e o vento sopra devagar.
É o tempo que precede a uma grande mudança.
Talvez chova mais tarde. Talvez o vento noroeste esteja se aproximando pelo canal ou talvez ainda faça sol .
Quem sabe? Para que saber de tudo, afinal?
Talvez eu volte para a cama.

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