terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Um passeio pela Floresta Amazônica: cura, sobrevivência e ritual xamânico

Após ter zarpado do porto de Manaus, o navio Grand Amazon fez a primeira parada na região do igarapé Jaraqui. 
Nós deixamos a embarcação, seguimos de lancha até a margem do rio e continuamos a caminhar para dentro da Floresta Amazônica. 



O nosso guia nesta expedição foi o Jefferson, por muitos anos ele acompanhou pesquisadores estrangeiros e adquiriu um vasto conhecimento sobre sobrevivência na selva e as propriedades curativas das plantas. Sem nunca ter feito curso de idiomas, ele fala 25 línguas – do russo ao chinês. 
Logo que desembarcamos da lancha, ele chamou a nossa atenção para as raízes das árvores que estavam expostas e explicou que, na época da cheia, o lugar fica totalmente submerso. Não havíamos caminhado nem 15 minutos e já havíamos passado por três ecossistemas. 

O Jefferson explicou que as árvores na Amazônia são centenárias, não duram muito por causa das tempestades, com ventos que atingem até 80 km/hora, e do próprio sistema de conservação da floresta, que é de renovação constante. 


A mudança de tempo é imprevisível, não tem essa história de frente fria! Para se anteciparem ao perigo de raios e quedas de árvores, os povos da floresta ficam atentos aos sons dos animais. “Quando estiver silêncio total se prepara porque o bicho vai pegar!”, nos explicou o guia.
Ele nos mostrou as plantas que os índios utilizam para produzir o curare, veneno colocado na ponta das flechas, poderoso relaxante muscular que paralisa os músculos respiratórios até matar a caça.
Também falou sobre o cipó chamado de escada de jabuti ou escada de macaco, típico da região, existem milhares de variedades, algumas chegam a matar uma árvore sufocada retirando seus nutrientes.
Encontramos um sapo- folha 

Um dos momentos mais interessantes foi quando ele tentou queimar uma folha para demonstrar que isso era impossível. Mesmo quando atingidas por um raio, devido a umidade alta e as copas das árvores espessas, as chamas costumam se extinguir sozinhas. 



Ou seja, as queimadas nas florestas não acontecem de forma natural, sempre são provocadas pelo homem.
Outro ponto alto foi quando o guia colocou a mão num formigueiro para demonstrar como os nativos utilizam o fluído das formigas como repelente. Aí, adivinhe? 
O meu marido quis vivenciar a experiência. Na hora, eu pensei, ferrou! Mas, nada de terrível aconteceu com ele, pele dele só ficou meio oleosa e com um cheiro gostoso.
Eu li que os indígenas fazem isso para camuflar o odor corporal e não serem percebidos por suas presas durante a caça. 
No final do passeio, o nosso guia fez um ritual xamânico - encontrou uma palmeira sagrada, passou a falar numa língua indígena e pediu que repetíssemos um som de vibração, acho que para ajudá-lo a entrar em transe. 

Ele nos disse que os espíritos da floresta estavam felizes com a nossa presença. Nós batemos palmas em agradecimento. 
Embora as informações sobre a floresta fossem interessantes, os momentos mais especiais foram aqueles em que ficamos em silêncio para ouvir os sons dos pássaros da floresta. 
Observar a luz do sol por entre os galhos das árvores, caminhar por um chão coberto de folhas é bonito, mas não dá para esquecer que pode ter uma cobra escondida entre elas. É um lugar selvagem e nesse passeio ninguém quer ficar pra trás.


Bem, parece óbvio, mas não custa lembrar: para caminhar na floresta é importante estar de calça comprida, tênis ou bota de sola de borracha para não escorregar. Eu usei repelente e levei uma garrafa de água. Esse passeio não exige muito esforço físico porque o terreno é quase plano e há diversas paradas no percurso para ouvir as explicações do guia. Palavra de uma sedentária!

Nenhum comentário:

Postar um comentário