terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Um pequeno retrato da vida dos caboclos na Amazônia na visão da mulher

O que eu mais gosto quando viajo é de conhecer pessoas interessantes, que podem me inspirar a enxergar o mundo de outras formas.

Na visita que fiz à comunidade ribeirinha Patauás, onde vivem os caboclos descendentes da miscigenação de índio com branco, eu conheci a dona Neide.

Ela recebeu o grupo em que eu estava para explicar como é feita a tapioca, prato típico da região, desde a colheita da mandioca.

A comunidade fica na região de Acajatuba, à margem do rio Negro, onde ela mora, fica a poucas horas de Manaus, mas a sensação é de estar muito longe da cidade.

Olha o tamanho dessa chapa, que coisa linda!

Dona Neide nasceu nessa comunidade, filha de pai caboclo e mãe índia. Ela se casou ao completar 17 anos e deu à luz a seis filhos. Os partos eram feitos pela tia, que ainda está viva, com 78 anos.

“A gente tinha um parto normal, rápido, porque ela sempre consertava. Hoje em dia não deixam pegar a barriga, ficam só fazendo o pré- natal e muitas não estão tendo parto normal, a minha filha foi uma. Fez tanto ultrassom e depois fez uma cesariana, já pensou uma coisa dessa?”, disse.



Dona Neide me contou que a vida no local é dura, mas é possível viver com dignidade com a venda de artesanatos. O que a entristece não é a falta de dinheiro, mas as coisas que está vendo no mundo.

“As drogas estão acabando com os jovens, há três anos, a gente tinha paz, mas agora estou vendo aqui. Você não sabe o que acontece nesse interiorzão que a gente mora.”, explica.

Apesar disso, dona Neide nunca pensou em ir embora da região e o seu sonho é poder continuar a trabalhar na comunidade.

“As pessoas vem de fora e dizem que estou bem aqui, que eu posso até ver coisas bonitas em outras cidades, mas não é para eu ir atrás disso não. Aqui é melhor de tudo”.

Em Patauás, ela me conta que não tem Biblioteca, para ter acesso ao livro precisa ir comprar em Manaus.  

“Eu aprendi a ler olhando o jornal, ficava soletrando o meu nome. Hoje eu pego a Bíblia e leio, mas eu nunca sentei numa cadeira de escola”.  

Peço que deixe uma mensagem para as pessoas de São Sebastião, onde eu moro, que sonham em conhecer a Floresta Amazônica.

“Eu digo que venha, sei que é caro, mas quem sabe vem aqui conversar comigo e se isso acontecer através da senhora eu vou agradecer muito. Que Deus abençoe vocês porque ele ama todos nós”.  Obrigada, dona Neide, a sua mensagem está dada.







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