quarta-feira, 11 de maio de 2016

Quando a rotina é tudo que desejamos



Eu tenho uma amiga que vive se desdobrando para fugir da rotina. Ela odeia tudo que é normal, banal, sacal, igual. Enfim, terminou al ela fica mal.
Ela não suporta a idéia de uma vida com a mesma rotina. É do tipo que tem rodinhas nos pés. Quando começa a sentir frio já está em busca do calor, entre praia e montanha, na escolha do seco ou do molhado, vive impondo maior velocidade à própria vida.


Ela “cansa” do trabalho, da casa, do carro, da cidade, da família. Por ser assim temperamental e energética, ela simplesmente “cansa”, o que significa que vive em busca de novidades.
Isso também se aplica aos assuntos do coração. Os seus amores são explosivos e instantâneos, mas não duram 6 meses.
Por isso, toda vez que penso na minha rotina de levar filhos para a escola, fazer compras no supermercado, achar tempo para o mesmo marido há 20 anos, eu lembro do seu rosto contrariado a me dizer: “cansei”.
Por vezes, eu invejei a sua coragem para efetuar mudanças.
Há poucos dias eu fiquei sabendo que essa minha amiga estava apaixonada. Louca de amor. Nesse estado, ela nem percebeu quando seu comportamento começou a mudar. O fato é que passou a querer ficar em casa debaixo das cobertas, assistindo um bom filme, comendo pipoca, tudo bem juntinho do homem da sua vida.
Ela ficou tão, mas tão apaixonada, que quem acabou cansado, dessa vez, foi ele. Certa tarde, ao chegar à sua casa, encontrou um bilhete em cima da mesa:
- Querida, você foi muito especial na minha vida. Mas, ainda não estou preparado para viver uma vida comum, preciso viajar, me divertir com os amigos e sinto que não estamos na mesma sintonia. Nosso amor caiu na rotina.
Ela ficou arrasada e não é para menos.
Pela primeira vez encontrou um homem a sua altura, capaz de cansar da rotina tão rápido quanto ela.


Fiquei sabendo que ela anda correndo contra o vento, lutando com a força do trovão e enfrentando muitas tempestades para ter de volta e agora para sempre a sua adorável rotina que esse homem teima em desprezar. Talvez maior que o medo da rotina, seja o medo de uma vida sem amor.

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