Por Sonia Lopes
Primeira semana do Diário da Sônia - De Sevilha a Fuente de Cantos
Cheguei. Mas, ó ! Moída. Sair do Bairro São Francisco e
chegar no Albergue Triana que fica no
coração de Sevilha foi facinho. Sem erro. O duro foi a demora entre um
transporte e outro. Ônibus para Sao José, depois outro para Cumbica. 6 horas de
espera para o vôo que me levaria a Madri. (acho que umas 10 horas de vôo) Mais
2 horas de espera para Sevilha ( rapidāo, mas, some aí mais 45 minutos). E
só pra debochar, nada de táxi. Peguei
foi um buzao (mais 40 minutos) até o centro de Sevilha.
Larguei a mochila no albergue e fui tratar de arrumar um chip para o celular. Com etapas tao longas e solitárias, melhor ter, né? E também tinha que comprar meus bastões de caminhada. Quando vi, estava no meio dos monumentos da cidade… Um charme. Cheia de vielinhas. Bebi sangría super gelada de barriga vazia… Me perdi um trilhão de vezes… Resolvi tudo, comi umas tortilhas e agora vou dormir!!! Amanha começa!
*O Albergue Triana além de charmoso, tem cozinha disponível,
2 computadores para os hóspedes (teclado louco) Wi-Fi, fica no meio do
buchicho, e custa 13 € com café da manha. Mas esse preço é só para peregrinos.
Nota de Blogueira para Blogueira - * Dani... espero que você consiga copiar as fotos de Sevilha que eu postei no blog. .. eu deletei após postar. Vou te mandando os textos diariamente e vc resume aí! Beijokas mil!! Tô amando!
1º Dia da Caminhada -
Guillena
A chuva fina não impediu de ver a forte influência árabe na
arquitetura de Sevilha. Conforme fui saindo da cidade, foi ficando cada vez
mais evidente.
Essas construções também marcam Santiponce e Guillena. Depois de uns 14km por alguns trechos bem perigos em autopistas, finalmente entrei por um caminho de terra cercado de plantações de cevada, algodão e girassol.
Tudo plano e com retas intermináveis. Na maior parte do
caminho, vim pisando em pequenos caracóis, pois estava difícil desviar tal a
quantidade dos bichinhos meio nojentos. Em Guillena, descobri que é um tira
gosto tradicional.
Comi, lógico. Com cerveja!!! Gostosinho... Estou no albergue
municipal. Limpo, amplo e até o momento não sei o preço. E a chuva
apertando... Olha aí o centro de
Guillena.
2º Dia - Guillena a
Castilblanco - 18.5 km
Eita... saí 7 e pouco debaixo de uma chuva forte, achando
que a etapa seria moleza por ser mais curta.
Me lasquei.
A região é um charco só e a lama se acumulava nas minhas botas fazendo um sobrepeso devastador. Tive que andar pelo mato várias vezes por conta de verdadeiras lagoas que se formavam nas trilhas. Contornar significava kilômetros a mais pela carreteira.
Em compensação, vi um castelo em ruínas cercado por um campo de girassois, plantações de olivas até onde a vista alcança e conheci um monte de peregrinos.
Foi uma etapa duríssima. Estamos aboletados no albergue municipal que funciona por donativos.
Cheio! Uma torre de babel. Morta de Oliveira. Almocei e mais tarde tentarei me arrastar até a praça principal fazer uma foto.
3º Dia - Castilblanco a Amadeu de la Plata - 29.2km
Saí do albergue 7 e pouco torcendo para que não chovesse muito. Se tivesse lama a coisa ia ficar complicada pois eram quase 30km. Mas o tempo ajudou muito. Nada de sol nem de chuva.
Perfeito para as quase 8 horas de
caminhada. 4 horas pelo acostamento (monótono) e mais 3 horas por um parque
natural de tirar o fôlego.
No final do
parque tinha uma plaquinha que dizia "monte Calvário" achei que era
mais uma subida moderada... PQP!!! Um morro pior que o Baepi. Mas, curtinho.
Depois, uma descida que deveriam batizar de Descida do Capeta.
Ainda bem que acaba bem em cima do albergue. Agora escrever o blog, jantar com os peregrinos e dormir. Amanhã vai ser pauleira.
4º - Almadem de la
Plata a Monesterio - 35 km
Teve de tudo... menos sol. Não tinha mais roupas secas. Ao
contrário do caminho francês, não há muita oferta máquina de lavar e secar
roupas. E sem sol... Bem, estava usando a mesma roupa há 2 dias. A chuva ia e
vinha... Quando cheguei a El Real de la Jara, 14 km de caminhada, estava
inteira... e meus amigos resolveram seguir adiante. Fui, né!
Foram mais de 10 horas bastante difíceis. Mas ( sempre tem um mas) pelo menos o albergue é maravilhoso. E depois que tomei banho super quente, meu enteado me ligou pelo dia das mães... e o jantar foi delicioso... e minhas botas estão secando na lareira... e tenho roupas limpas e secas... e amanhã será melhor.
5º Dia - Monesterio a
Fuente de Cantos - 20,6 km
Acho que o cansaço de ontem foi o responsável eu por ter demorado tanto a pegar no sono. Acordei e corri para a janela cheia de esperança, mas... tome chuva! Ô merda! Bora na chuva mesmo.
Hoje seriam só 20km. Ou 26 caso quisesse ficar em Calzadillha de los Barros. O nome não era lá muito atraente e, além disso, os hospitaleiros de Fuente de Cantos disputam peregrinos a tapa. Ficam esperando a gente na entrada da cidade. E a chuva querendo engrossar... fiquei. Mas foi bem bacana hoje.
Um cachorro enorme e lindo me acompanhou uma meia hora... foi muito gostoso. Desencanei e usei o toalete do Caminho (fiz cocô em um campo de cevada) foi libertador. Atravessei os alagamentos descalça sem me importar muito com o frio como se fizesse isso desde criança. E andei a maior parte do trecho sozinha. Adoro!!!
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