segunda-feira, 6 de julho de 2015

Festa da Literatura: EU FUI!


A FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty, no Rio de Janeiro, que está na 13ª edição, todos os anos reúne pessoas do mundo inteiro que se espremem e tropeçam nas ruas de pedras, do antigo centro histórico, com um objetivo em comum: a busca de conhecimento.


Essa é a quarta vez que eu participo do evento e sempre vou embora com a impressão de ter crescido alguns centímetros, não de altura porque já não é possível aos 40 anos e nem tão pouco de gordura (apesar dos restaurantes fabulosos que tem na cidade), mas de massa cerebral.
A programação das mesas de debates é diversificada e muito interessante, mas o principal é a energia positiva que toma conta da cidade, talvez resultado da “misturança” de gente.


Sem querer, você poderá dançar pelas ruas e não achar nem um pouco estranho. O clima da festa é contagiante.  
Neste ano, a Flip homenageou o poeta Mario de Andrade e toda prosa eu consegui assistir a três palestras.

POLÍTICA - Uma delas foi do jornalista e sociólogo, Demétrio Magnoli, que ocorreu na Casa Folha, com o tema: “O Lugar do Brasil no mundo de Hoje”, um breve histórico da política brasileira nos últimos 12 anos.



Entre várias abordagens, a mais interessante foi quando ele disse que “o PT não representa um governo de ruptura e sim de restauração”, fazendo uma comparação com o governo do Getúlio Vargas, também na época dado a ações de forte apelo popular.

“A política quando não é arma, é palavra. Discutir isso na Flip tem tudo a ver”, disse Magnoli.

No momento das perguntas, uma pessoa questionou se o jornalista via alguma força política como uma alternativa e ele respondeu irônico:

“É sempre melhor fazer profecia sobre o passado, num país onde até mesmo o passado é incerto”.


GUERRA - Outra palestra interessante que eu assisti foi sobre “Jornalismo de Guerrilha, com Ioan Grillo e Diego Osorno, especializados na cobertura de guerra entre cartéis mexicanos de traficantes de drogas, que já fez mais de 80 mil mortos no México.


A mesa prestou um tributo a Roberto Saviano, jornalista que não recebeu autorização dos responsáveis por sua segurança para deixar o continente europeu. Com essa palavra, a Flip abriu uma discussão sobre drogas e violência.
O jornalista Diego Osorno alertou sobre uma importante reunião da ONU, que acontecerá no próximo ano e discutirá sobre uma nova frente de combate às drogas, com base em análise de estudos do que acontece em outros países, como Uruguai e Holanda, entre outros.


Ambos manifestaram a opinião de que a proibição das drogas tem se mostrado ineficaz e gerado uma onda cada vez maior de violência.

POESIA - A última e mais aguardada palestra ocorreu no final da noite, com o tema "Desperdiçando Verso" e reuniu os cantores e poetas Arnaldo Antunes e Karina Buhr.
Apesar do frio, valeu muito esperar.  Eles cantaram e recitaram poesias e foram de uma simplicidade tão grande...
Um dos temas foi sobre o “esvaziamento do ego”. “Deixar de ser pra se deixar ser”, disse Arnaldo Antunes.


Dele também foi o mantra que fechou a palestra e me acompanhou até muito tempo depois deste encontro, dizia assim: 
“AGORA AQUI, NINGUÉM PRECISA DE SI”.

Meio doido, não é? Mas, é uma loucura boa e faz refletir.

A Flip sempre acontece no início do mês de julho, anote aí para não perder essa linda festa literária no próximo ano. 

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