Essa é a quarta vez que eu participo do evento e sempre vou
embora com a impressão de ter crescido alguns centímetros, não de altura porque
já não é possível aos 40 anos e nem tão pouco de gordura (apesar dos
restaurantes fabulosos que tem na cidade), mas de massa cerebral.
A programação das mesas de debates é diversificada e muito
interessante, mas o principal é a energia positiva que toma conta da cidade,
talvez resultado da “misturança” de gente.
Sem querer, você poderá dançar pelas ruas e não achar nem um pouco estranho. O clima da festa é contagiante.
Neste ano, a Flip homenageou o poeta Mario de Andrade e toda
prosa eu consegui assistir a três palestras.
POLÍTICA - Uma
delas foi do jornalista e sociólogo, Demétrio Magnoli, que ocorreu na Casa
Folha, com o tema: “O Lugar do Brasil no mundo de Hoje”, um breve histórico da
política brasileira nos últimos 12 anos.
Entre várias abordagens, a mais interessante foi quando ele
disse que “o PT não representa um governo de ruptura e sim de restauração”,
fazendo uma comparação com o governo do Getúlio Vargas, também na época dado a
ações de forte apelo popular.
“A política quando não
é arma, é palavra. Discutir isso na Flip tem tudo a ver”, disse Magnoli.
No momento das
perguntas, uma pessoa questionou se o jornalista via alguma força política como
uma alternativa e ele respondeu irônico:
“É sempre melhor fazer profecia sobre o
passado, num país onde até mesmo o passado é incerto”.
GUERRA - Outra
palestra interessante que eu assisti foi sobre “Jornalismo de Guerrilha, com Ioan
Grillo e Diego Osorno, especializados na cobertura de guerra entre cartéis
mexicanos de traficantes de drogas, que já fez mais de 80 mil mortos no México.
A mesa prestou um tributo a Roberto Saviano, jornalista que não recebeu
autorização dos responsáveis por sua segurança para deixar o continente
europeu. Com essa palavra, a Flip abriu uma discussão sobre drogas e violência.
O jornalista Diego Osorno alertou sobre uma importante
reunião da ONU, que acontecerá no próximo ano e discutirá sobre uma nova frente
de combate às drogas, com base em análise de estudos do que acontece em outros
países, como Uruguai e Holanda, entre outros.
Ambos manifestaram a opinião de que a proibição das drogas tem se mostrado ineficaz e gerado uma onda cada vez maior de violência.
POESIA - A última
e mais aguardada palestra ocorreu no final da noite, com o tema "Desperdiçando Verso" e reuniu os cantores e poetas Arnaldo Antunes e Karina Buhr.
Apesar do frio, valeu muito esperar. Eles cantaram e recitaram poesias e foram de
uma simplicidade tão grande...
Um dos temas foi sobre o “esvaziamento do ego”. “Deixar de ser pra se deixar ser”, disse
Arnaldo Antunes.
Dele também foi o mantra que fechou a palestra e me
acompanhou até muito tempo depois deste encontro, dizia assim:
“AGORA AQUI, NINGUÉM PRECISA DE SI”.
Meio doido, não é? Mas, é uma loucura boa e faz refletir.
A Flip sempre acontece no início do mês de julho, anote aí
para não perder essa linda festa literária no próximo ano.
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