sexta-feira, 24 de junho de 2016

A hora de chegar junto




Você sabe por que o amiguinho do seu filho que visitava a sua casa constantemente de uma hora para outra deixou de fazer isso?
Ou por que um amigo do seu filho, que é assunto constante na sua casa, seja pela sua personalidade excêntrica ou apenas por se sentar ao lado dele na escola, nunca, jamais, frequentou a sua casa ou convidou o seu filho para visitar a dele?
Se isso nunca passou pela sua cabeça, talvez seja hora de mudar de comportamento.

Não é para ficar paranoico, mas ficar atento ao circulo de amizade do seu filho e perguntar sobre os seus colegas, como vão, porque não aparecem mais para visita-lo, pode ser o que ele esteja precisando para se abrir com você.
Muitas crianças, principalmente no início da adolescência, ficam confusas com as amizades. É um período de descobertas e também de transformações, não apenas desenvolvem um novo corpo, mas também uma nova maneira de pensar.
As velhas roupas não servem mais e algumas amizades também vão parar no cesto do lixo.
É uma fase intensa para eles e sem perceberem podem agir de forma cruel com alguns amigos de infância, acreditando que eles não servem mais para sua nova vida e desprezá-los para depois perceberem no futuro que fizeram uma grande bobagem.
Pouquíssimos jovens chegam à idade adulta tendo ao lado os seus amigos de infância e perdem as suas referencias. O resultado é uma enorme quantidade de adulto carente de afeto e deprimido.
É isso o que você quer para o seu filho?
Muitos pais ignoram essa situação porque só se preocupam com o próprio filho e medem a felicidade dele pela quantidade de amigos que ele tem e não pela qualidade deles.
Se o filho está saindo com vários colegas, o pai pode pensar: que falta pode fazer aquele garoto que durante anos era o seu melhor amigo.
O que importa saber por que eles não saem mais juntos, não é mesmo?
Importa sim e muito. Sem você perceber o seu filho pode estar agindo de forma muito cruel ao rejeitar um amigo que esteve ao lado dele em momentos especiais.
E, pior, um amigo de verdade com quem ele poderia contar por toda a vida, ao contrário dos “vários colegas” que o rodeiam hoje.
Ou você acha que o seu filho não pode ser cruel? Claro, que pode. E ele às vezes é.
Assim como todos nós em algum momento das nossas vidas, os nosso filhos são cruéis seja de forma consciente ou não.
Não estou dizendo para você obrigar o seu filho a manter uma amizade que ele não quer para a vida dele ou para escolher os amigos com quem ele vai se relacionar.
Mas, é importante perguntar o motivo do término da amizade e, se achar que o filho está pisando na bola, orientá-lo. Nós pais temos esse papel. Essa é a nossa obrigação.
Se depois da sua orientação, o seu filho permanecer com a mesma ideia é um direito dele, mas você fez a sua parte.
Nós pais somos o espelho para os nossos filhos e eles se veem nas nossas atitudes.
Se nós nos importamos com os nossos amigos, sentimos compaixão e somos justas com as pessoas as nossas voltas, eles vão perceber e analisar:

- Eu também me importo com os meus amigos, eu tenho compaixão e sou justa com as pessoas?

Se você provocar essa simples reflexão nos seus filhos poderá salvar a vida dele no futuro de muitas doenças e horas no psiquiatra, além de estar educando uma pessoa que poderá ajudar a transformar o mundo em um lugar muito mais fraterno e solidário.
Eu escrevi esse post após ser inspirada por um texto que eu li na internet sobre um garotinho chamado Timothy, que sofre de autismo e nunca tinha ido a uma festa de aniversário.
Até que uma carta muito especial chegou à caixa de correio da família dele. Essas tocantes palavras comoveram a mãe de Timothy quando ela as leu. Foi assim que ela respondeu:

“Querida mãe,
Você não me conhece e eu não te conheço, mas meu filho, Timothy, às vezes senta do lado do seu filho na escola.
Timothy sofre de autismo grave. Ele também é um garoto de 7 anos que ama e brinca com todo seu coração. Ele precisa de muita ajuda extra na escola e às vezes parece totalmente alheio ao que está acontecendo embaixo do seu nariz.
Ele quer amigos mas às vezes não sabe como fazê-los.
Ele quer brincar mas às vezes não sabe como pedir.

Ele quer ser incluído mas às vezes não sabe como.
Nós, pais de crianças com necessidades especiais, sabemos muito bem o quão machucados nossos filhos se sentem quando são deixados de fora de eventos sociais.
Esportes, encontros, dormir nas casas dos amigos e, sim, as apavorantes festas de aniversário.
Eu posso dizer sinceramente que meu filho nunca compareceu a nenhuma sequer. Nós recebemos inúmeros convites nos últimos anos, mas na maioria das vezes por crianças que convidam a sala inteira impiedosamente. Não me entendam errado, eu estou agradecida.
Mas eu me pergunto se os pais sabem o que aconteceria se eu trouxesse o Timothy? As interrupções, os desastres. Como eu odiaria tirar os holofotes da criança aniversariante.
Então nós recusamos educadamente. Todos.
Até que seu convite chegou pelo correio com uma nota especial. Nela estava escrito:
“O Carter senta ao lado do Timothy na escola e sempre fala dele. Eu realmente espero que ele possa vir. Nós vamos alugar um castelo inflável no qual pode ser acoplado um pequeno escorregador. Nós também teremos balões e armas d’água. Talvez o Timothy possa vir um pouco mais cedo caso a classe inteira seja demais para ele. Me avise como podemos fazer isso funcionar.”
Você escreveu exatamente o que eu precisava ver naquele dia e nem mesmo sabia.
Por causa do seu filho ele está incluído.
Por causa do seu filho ele se sente querido. Por causa do seu filho ele tem uma voz.
E eu quero que você saiba que por sua causa eu posso enfrentar mais um dia.
Por causa de você eu posso enfrentar outro compromisso.
Por causa de você eu posso aguentar mais olhares e perguntas.
Por causa de você eu tenho esperança pelo futuro de Timothy.
Eu apenas queria te dizer o trabalho fantástico que você está fazendo com seu filho.
Esta mãe estará confirmando a presença do filho pela primeira vez na história. E eu mal posso esperar.
Sinceramente,
A muito agradecida mãe de Timothy.”

A rejeição é um sentimento que machuca o coração de milhares de crianças e às vezes um bom conselho ou uma atitude de generosidade pode resolver esse problema. Pense sobre isso e não hesite em chegar junto do seu filho e perguntar:

- Por que o seu amigo não veio mais nos visitar?

Fonte: Não acredito
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