segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Mãos sujas de barro moldam vidas


No bairro São Francisco, antiga vila de pescadores de São Sebastião, está o ateliê de cerâmica da arte educadora, Maria Aparecida Ivanov, a quem eu chamo carinhosamente por Cida. Outro dia eu saí para caminhar quando começou a chover, eu pensei:
- Se o ateliê estiver aberto, eu vou entrar para ver as novidades.
Dito e feito. Lá dentro encontrei a Cida trabalhando com o barro junto ao seu grupo de alunos. Nós aproveitamos para colocar a conversa em dia e eu fiz algumas fotos para registrar o momento. Eu até  me esqueci que lá fora o dia estava cinza e molhado de chuva.
Isso é o que acontece quando estamos perto de gente que é sol.


Eu e a Cida nos conhecemos faz tempo e já fiz algumas reportagens para contar sobre o trabalho dela. Além do nosso contato profissional, quando eu precisei fazer as luminárias da minha casa, recorri a ela.



As luminárias continuam lindas, mas principalmente contam um pouco da história da nossa amizade.
A primeira vez que nós duas nos encontramos, pelo menos que a memória me deixa lembrar, foi durante o curso ministrado pela paneleira mais antiga da nossa cidade, dona Adélia Barsotti.
Como jornalista, eu estava lá para registrar esse momento muito importante para a preservação da técnica de fazer panelas de barro, enquanto ela estava lá como aprendiz.


Ela me contou que enquanto via a dona Adélia manipular o bairro foi como se vivesse um momento mágico e foi assim que surgiu o seu compromisso de manter essa tradição.
Ao lembrar esse dia, ela abriu um sorriso e disse: “Sempre tenho um pensamento poético por isso não ganho dinheiro”.


Hoje, além de ser uma artesã reconhecida, ela também dá aulas de cerâmica a grupos escolares, da melhor idade, pessoas com problemas mentais e para quem mais se interessar.
Eu conheci alguns dos seus alunos e pude conversar com eles.
O jovanio Silva e o Paulino Souza são pacientes do Caps 1 (Centro de Apoio Psicosocial) e acompanham a Cida há 11 anos.


Os dois formam um bom time, apesar das diferenças.
O primeiro gosta de construir a estrutura da peça, amassar o barro, preparar a base... Já o segundo prefere dar o formato final.


Jovino acorda 5h da manhã e fica ansioso para chegar à aula. Paulino é mais tranquilo e explica que quando não vem ao curso dorme dia todo e sente falta de ter com o que ocupar a mente.


 Ambos concordam que frequentam o estúdio em busca de uma melhor qualidade de vida. “Mexer com o barro faz bem a alma”.
No estúdio eu também tive a feliz surpresa de encontrar a minha amiga muito querida, psicóloga, Leda Nicolau Correa.


Ela me contou que se aposentou há pouco tempo e que decidiu se dar um ano sabático antes de iniciar um novo projeto.
Eu não sei o que ela vai fazer no futuro, mas eu sugiro que se torne uma ceramista porque ela tem talento. Viu, Leda?
Há apenas 1 ano de aula com a Cida, a Leda já faz sucesso ao criar anjos e santos de cerâmica. Eu comprei uma imagem de São Francisco muito feliz e sorridente. A expressão é tão meiga que parece uma criança.


Mas, no dia em que a encontrei no estúdio, a Leda estava fazendo uma “anjinha adolescente”. Encomenda para uma amiga. Conforme ela cresce como ceramista, os anjinhos crescem com ela.
“Calma eu nunca vou ser, mas enquanto estou aqui consigo desacelerar. Sinto uma grande satisfação”, conta toda sorridente.


A Cida que observava a nossa conversa com um sorriso explicou: “A lida com o barro é um reencontro com a sua essência. Quando a gente transforma o nada em alguma coisa percebe que pode modificar a própria vida”.
Lindo isso, não é? Eu sempre fico impressionada o quanto eu aprendo com as minhas amigas queridas.
Se você quiser fazer o curso de cerâmica ou saber mais informação sobre as panelas e outros objetos de cerâmica, entre em contato com a Cida: (12) 99227- 1551 / Whatsapp. 




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