segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Luna

Por Erica Poço


Essa noite eu sonhei com uma senhora falando à respeito da importância que a cachorrinha tinha na vida dela. Ela dizia que os filhos tinham saído de casa, mas que sua companheira estava lá e que todo dia ela preparava um arrozinho com lentinha pra ela.
Na verdade não foi bem assim... O começo do sonho era com meu marido me mostrando uma reportagem onde aparecia essa senhora. Ele me passava o celular com cara de quem diz: "Olha aí como é que faz!". E eu acho que entendi. 

Era um dia nublado, mas mesmo assim decidimos continuar com a ideia de um passeio de barco com uns amigos em São Pedro da Aldeia. Na volta chovia muito, todo mundo encharcado e com frio. Eu, grávida, corri logo pro carro, e de repente, naquela marina, me aparece na janela a mão do meu marido com uma coisinha pequenininha pendurada. Diga-se de passagem, mais encharcada que eu. Era ela. E eu nunca teria coragem de deixá-la pra trás. 

Trouxemos aquela filhotinha que estava abandonada em meio ao lixo pra casa. Era tão pequena e indefesa. Mas ela cresceu muito rápido e logo já era uma vira-lata de médio porte. Até bem bonitinha. Mas a bichinha é levada e bruta. 

Eu nunca tive cachorro e estava com uma dificuldade enorme de lidar com ela. Mas quando me aproximei de verdade eu senti o quanto de amor essa bichinha tem por mim e pela minha família. Ela nos defende com unhas (aliás, não adianta cortar... arranha sempre) e dentes, em caso de maior necessidade.

Eu achava ela uma chata porque sempre que chegava perto ela pulava,  arranhava e dava mordidinhas. Doía. Então eu saía de perto. Mas o amor às vezes é assim né!? Se a gente não o entende, se não sabe a melhor maneira de se aproximar, ele pode machucar. E assim era minha relação com ela. 

Meu marido e minha filha conseguiam brincar. Meu filho também tinha medo dos arranhões assim como eu. E meu bebê... Ahhh, agora vem uma das partes mais lindas da história. 

Ela pula em todo mundo, menos em quem estiver com o bebê no colo. Eu não tenho dúvida de que ela entende perfeitamente que aquele bebezinho precisa de proteção e que ainda não chegou a hora de brincar com ele. Se ela é inteligente eu não sei. Mas que ela entende de alegria, amor e proteção, disso ela entende bem. 

Nesse período quaresmal, venho buscando um aprofundamento maior da caridade e acho que devo, assim como São Francisco, olhar com mais carinho para esses nossos irmãos. Assim como o irmão sol e a irmã lua, nossa irmã Luna tem muito o que ensinar à respeito de caridade. 

"...Ele nos ensinou o ápice do amor, que é precisamente a caridade, ou seja, entregar-se pelo outro".
 Cardeal Robert Sarah

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