terça-feira, 18 de setembro de 2018

E ele foi para o paraíso dos gatos



Olá, escrevo para dar uma notícia triste. O Zibis morreu.
Foi rápido, a médica disse que está doendo mais em mim porque ele não sofreu, morreu dormindo, o que fez todo sentido pra mim se tratando do Zibis.
Agora ficamos nós dois, sem filhos e sem o nosso gatinho. Tentamos enganar a solidão, mas não teve jeito.

A missão “ficar um com o outro até que a morte nos separe” está sendo seguida ao pé da letra nesta casa. Um com o outro, sem filhos e sem gato.
Que seja, vamos ver aonde isso vai nos levar se será de volta a Paris, direto ao cartório ou seguiremos até o dia que a morte chegar, credo acho que estou meio trágica hoje. 
Eu tenho ouvido alguns miados e ainda demoro a perceber que não é o Zibis, mas sim os gatos dos vizinhos. Parece triste, né? E é mesmo.
Era um gatinho de personalidade forte, a família insistia que sofria de bipolaridade, mas eu nunca achei que fosse isso.
Admirava o seu jeito gato de ser, a sua independência e falta de paciência com as loucuras de quem achava que podia trata-lo como bicho de estimação e ficar por isso mesmo.
Ele era muito vivo, fazia apenas o que queria e não demonstrava carência, a não ser que fosse ganhar alguma coisa com isso.
Estranho que esse temperamento distante nos transformou em adultos carentes do seu amor. Passamos a trata-lo tão bem..., até aceitamos a dividir o espaço da nossa cama.
Nós não conseguíamos resistir ao Zibis.
E se tratando de nós, que nunca tivemos bichos e tínhamos verdadeiro pavor de gato, foi uma grande mudança.
Ele morreu de repente porque eu não percebi os sinais.
Há alguns dias, o Zibis estava mais quieto, trocava a rua para ficar deitado ao sol e sempre procurava o aconchego dos meus braços.
Eu cheguei a pensar que ele tinha finalmente mudado, se tornado mais caseiro e passado a nos ver como sua família.
Enquanto pensava que ele estava se tornando o gato dos meus sonhos, ele só estava morrendo...
Eu só via o que eu queria ver. Fui egoísta. Deveria ter imaginado que gatos orgulhosos como o Zibis não mudam nunca.
Um dia antes da morte do Zibis, eu estava consolando uma amiga que perdeu o namorado, vítima de acidente de carro.
Eu dizia a ela que um dia todos vão se reencontrar, a vida na terra é uma viagem de aprendizado e só voltamos para nossa verdadeira casa depois da morte. Sofre quem fica.
Quem diria que precisaria repetir isso para mim no dia seguinte. Ainda me surpreende como tudo pode mudar tão rápido.   
Vou confidenciar algo que não tive coragem no início do texto. Espero que não ria.
Quando ouço os miados de gato (como contei acima) gosto de imaginar que é o Zibis dizendo que está bem.
No fundo, eu sei que o Zibis, o verdadeiro, aquele que conheci com saúde, não perderia tempo com isso.
Mas, se me enganei com ele até aqui, pra que mudar agora?

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