segunda-feira, 27 de agosto de 2012

- Mãe, por favor, pare de falar!




Eu ouço constantemente essa frase do meu filho, um menino alto, lindo, de sorriso encantador, que é irritantemente silencioso.
Irritante para mim, claro. Porque entre os amigos ele é bem popular.
O meu filho é ótimo, educado, mas não deixo de reparar no quanto ele fala pouco.
Você pode pensar que eu sou uma mãe neurótica, mas qual mãe que não é?
Nesse caso, além de neurótica, nem preciso citar que adoro bater papo, seja com quem for e aonde for, mais um motivo para eu estranhar o silêncio.
Outro dia, eu li dois artigos muito interessantes sobre pessoas silenciosas e, como estava com a minha cisma, prestei bastante atenção.
Um dos artigos falava sobre o lançamento de um livro “O Poder dos Quietos”, um dos mais vendidos do ano nos Estados Unidos, segundo o jornal The New York Times.
O Poder dos Quietos, da americana Susan Cain, lançado no Brasil pela Editora Agir, mostra que a introversão é ingrediente fundamental para a criatividade e a inovação.
Embasada por estudos científicos, além de ter realizado um extenso trabalho de pesquisa, a autora afirma que nossa sociedade vem transformando escolas e escritórios em instituições dedicadas a extrovertidos, o que tem se revelado um grande desperdício de talento, energia e felicidade.
Pelo sucesso do livro só posso imaginar que há muito mais gente quieta, tímida e introvertida nesse mundo do que eu poderia supor.
Na mesma semana, a colunista do jornal Folha de São Paulo, a psicóloga Rosely Sayão, escreveu um artigo no Caderno Equilíbrio, chamado “A Força Silenciosa”.
Nesse artigo ela dizia que as crianças e adolescentes têm o direito de ficarem calados e quietos e de não se expressarem com efusividade.
“É que, na atualidade, tímido virou sinônimo de problemático e deixou de ser apenas uma característica”.
Ela concluiu assim: “Talvez a boa comunicação seja uma qualidade importante para o viver bem. Mas não apenas a boa comunicação com o mundo externo, mas também, e principalmente, a boa comunicação da pessoa com seu interior. E, para alcançar esta última, caro leitor, introvertidos e extrovertidos estão em pé de igualdade”.

Talvez, só talvez, o meu filho esteja certo. – Mãe, por favor, pare de falar!



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