Eu tenho conversado com alguns pais que estão assustados com
o comportamento dos filhos que, nesta época do ano, deveriam estar preocupados
em passar no vestibular, mas ao contrário parecem não ter nenhuma pressa em
tomar decisões que vão determinar como será o seu futuro.
Alguns jovens não sabem mesmo o que vão fazer, ainda não descobriram suas vocações e se sentem perdidos e confusos, mas estão aflitos e tentando de alguma forma se encaixar em algum curso. Aliás, eu acredito que esses jovens são a maioria.
Mas, não me refiro a eles.
Eu me refiro a outro tipo de jovem, que não está confuso ou
perdido, pelo contrário, parece perfeitamente à vontade em não decidir sobre os rumos da sua vida, pelo menos agora, no
momento em que a maioria dos seus colegas parecem seguir em linha reta para o
vestibular.
São jovens que não seguirão essa linha, vão dar voltas e
voltas, que mais tarde poderão se transformar em laços ou nós.
Esses jovens intrigam porque estão percorrendo um caminho novo
e desconhecido, que muitas vezes bate de frente com tudo o que os pais esperavam, como um diploma de doutor aos 21 anos e um emprego brilhante em uma
metrópole, quem sabe até em outro país.
Esses jovens simplesmente não vivem com essa expectativa.
Eles procuram a felicidade nas coisas simples, no manuseio da terra, dos alimentos
e na convivência mais humana com as pessoas e os animais.
Será que tudo isso é um sonho de adolescente ?
Enquanto esses jovens parecem cada vez mais engajados em
criar um mundo novo, onde o objetivo não é apenas viver, mas também conviver,
alguns pais estão descabelados com essa ideia e não é para menos.
A minha maior preocupação como mãe é que os meus filhos não
consigam sobreviver a esse mundo hostil e capitalista, quando eu não estiver
mais nele.
E, acredito, que a maioria dos pais também pensa como eu.
Ou, não ?
Eu tenho uma amiga que outro dia comparou o comportamento do
filho com o dela quando estava na fase do vestibular:
- Eu tinha sangue nos olhos, faca nos dentes, dei o maior
ralo pra passar em uma Faculdade Federal e o meu filho não está nem um pouco
preocupado com isso...
Ao questiona-lo, ela me contou que o filho disse o seguinte:
- Quem disse que fazer do seu jeito é a única forma de encontrar
a felicidade.
Nisso, ele está certo. Existem diversas maneiras de ser
feliz.
Existe dois caminhos a serem avaliados. Um deles é que
talvez o mundo precise realmente de mais pessoas felizes do que bem sucedidas
e, parece cada vez mais óbvio, que isso são coisas muito diferentes.
A ganância e a intolerância, frutos de uma visão deturpada
do homem que confunde felicidade com a capacidade de controlar riquezas e
pessoas, tem provocado tragédias como o vazamento da barragem em Mariana e os
atentados em Paris.
Ou mudamos por nossa conta ou seremos mudados na força.
Por isso, eu encaro com otimismo os jovens que estão colocando
o bem coletivo acima do bem individual e criando uma teia de conexões, com o
objetivo de trocar informações e cooperar para o surgimento de uma sociedade
onde todos possam ter as mesmas oportunidades.
Por outro lado, a felicidade é uma conquista que depende
menos de discursos e mais de atitudes.
Isso significa que o adolescente deve aprender a viver de
acordo com as suas convicções.
Quem não quer estudar pra ser doutor, não pode querer viver
como se fosse um.
Cada um deve assumir o risco de ser o que é.
Se for assim que a banda toca, relaxa mãe, reza e deixa
viver.
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