Ela se aproximou da minha mesa de trabalho com
uma expressão aborrecida. Não esperou que a convidasse para entrar, foi entrando
sem mais o quê e jogou o corpo na cadeira.
Antes mesmo
que ela começasse a falar o que tinha ido fazer ali, pelo jeito impaciente com
que se movimentava na cadeira, como se estivesse sentada sobre brasa quente, eu
já sabia que o assunto não seria muito agradável.
A presença
daquela mulher na minha sala e a forma como entrou sem esperar ser convidada,
me deixou aborrecida.
Na verdade,
ela não tinha chegado numa uma boa hora, eu estava num daqueles momentos de inspiração,
quando bato com força nas teclas do computador como se quisesse tirar à força
as palavras que brotam dentro de mim.
Eu confesso que
esses momentos de inspiração não tem sido comuns nos últimos tempos e, por isso
mesmo, a chegada daquela mulher me aborreceu e enquanto a observava eu só
queria que ela fosse embora o mais rápido possível.
Ela, por sua
vez, agia como se não notasse a minha cara fechada, sabe aquela cara que a
gente faz quando quer que tudo se resolva bem rápido?
Mas, eu não
sei o que aconteceu... Não sei se foi o suor que vi escorrendo no rosto dela, à
forma como ela se abanava com um paninho querendo um sopro de vento ou a voz
triste com que passou a me contar a sua história.
Ela estava
decepcionada.
Há algum
tempo, ela tinha planejado uma viagem para consultar um médico, fez tudo com
bastante antecedência porque sofre de ansiedade.
Mas, as
coisas não saíram como planejadas. O amigo, que tinha prometido dar uma carona
até o médico, ligou na última hora para dizer que o carro estava cheio.
Ela não
cabia no carro. E, agora, estava sentava na minha frente para saber se eu
poderia arrumar outro carro para levá-la na consulta.
Alguma coisa
naquela mulher me comoveu. Ao invés de dizer apenas que não poderia ajudá-la, o
que seria verdade, e terminar logo a conversa, eu me ouvi oferecendo a ela um
copo de água gelada.
Para a minha
surpresa, ela começou a chorar. Não respondeu nem sim e nem não. Apenas começou
a chorar.
Eu pedi que
ela ficasse sentada, que não fosse embora e tomasse um copo de água gelada
comigo.
E, foi a partir
dessa hora, que a nossa conversa começou de verdade.
Ela disse
que estava magoada porque ficou sabendo na última hora que não caberia no
carro, o que considerava uma grande falta de consideração.
Isso fez com
que se sentisse desrespeitada.
Eu disse que
não poderia julgar o comportamento do amigo dela sem saber a versão dele, afinal
imprevistos acontecem... (Tenho defeitos, mas não sou destruidora de amizades!)
Também fui
sincera, disse que não poderia levá-la ao médico e desconfio que ela já soubesse
disso porque não contestou.
Para
acalmá-la, ainda acrescentei que, se depois de muito esforço, ela não conseguisse
uma nova carona que não se sentisse triste, às vezes as coisas acontecem para
nos livrar de algo pior.
Quando,
finalmente, ela foi embora da minha sala...
Eu voltei ao
texto que estava pela metade e pensei que o meu conselho também deveria servir para mim.
Quando for preciso um grande esforço para escrever uma crônica talvez fosse melhor
não escrever.
Talvez
aquela senhora fosse o que eu precisava para não concluir a minha crônica e
livrar você, leitor (a), de perder tempo com um texto bem chatinho...
Na hora,
fechei a página e fui procurar algo para comer na geladeira. Comida sempre me
inspira.
Espero que
tenha valido a pena e que essa crônica que escrevo agora faça algum sentido
para você.
Se não, que
tal um copo d água gelada?
Uauz amei aquela crônica foi interessante de ler estou aqui na minha cama chateado e tava procurando na internet como são ovos dos caracóis kkkk e aí apareceu esta crônica e gostei demais muito obrigado pessoa desconhecia pelo texto e aí muito obrigado de novo viu ir. Se você responder meu comentário a gente entrar em contato eu gostei muito da sua maneira de escrever tá beleza Bom final de a noite de natal sei lá tudo isso
ResponderExcluirOi Julian, gostei muito do seu comentário. Escrevi essa crônica já faz um tempo e, por causa de você, reli e me encontrei novamente com aquela senhora que um dia entrou na minha sala numa tristeza que deu dó. Torço para que ela esteja melhor e que encontre sempre pessoas boas pelo caminho, desejo o mesmo a você. Obrigada por visitar o blog e deixar um comentário. Volte sempre!
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