A Igreja Matriz de São Sebastião foi originalmente construída no século XVII |
Toda vez que conheço uma cidade nova, um dos primeiros lugares que eu gosto de visitar é uma igreja, de preferência a mais antiga. Não por promessa ou simpatia religiosa. É por curiosidade histórica mesmo. Aprecio a construção, os detalhes e as relíquias. Sinto admiração e respeito pelos indícios que apontam a cultura local. Aproveito para agradecer ao 'Amigo lá de cima' pela oportunidade daquele passeio; e de olhos fechados me desligo por alguns instantes, tentando imaginar como era a vida da comunidade na época em que a edificação foi erguida.
Quando vim para São Sebastião pela primeira vez, há 14 anos,
não foi diferente. A Igreja Matriz, a Praça do Coreto e as ruas do entorno são
um convite para uma interessante viagem no tempo. Fotografias antigas da cidade
expostas em alguns comércios do centro instigam-me ainda mais o interesse em desvendar
os primórdios sebastianenses.
Recentemente, quem saciou um pouco essa minha curiosidade foi
o ex-prefeito Gil Pacini. Ele nasceu em Ilhabela (em 24 de agosto de 1920), mas
veio morar em São Sebastião quando tinha apenas um ano de idade. Perguntei a
ele “como era São Sebastião naquela época”. Seu Gil, então, contou-me diversos
fatos sobre sua infância e mocidade. Também lembrou momentos singulares da
história do município:
Nesse dia em que conversamos (em junho desse ano), Gil Pacini fez um resumo de
sua vida antes de tornar-se político. Muitas datas e nomes lhe fugiram da
memória, mas teve um fato em especial que ele me contou com uma riqueza de
detalhes impressionante:
“Você encontrava bebida, serragem, carne seca, arroz só em
armazéns. Não havia outro tipo de comércio. Quando eu tinha uns 8, 9 anos, eu
ajudava meu pai a buscar essas mercadorias na praia. Era assim: a carga vinha
de barco e, como não tinha onde atracar, o barco parava no canal; uma canoa ia
até a embarcação para apanhar os produtos; os produtos eram colocados na areia
da praia e lá ficavam a espera de serem transportados até os armazéns. Meu pai
tinha um carro de boi, então nós fazíamos esse transporte. Aliás, meu pai
arranjou dois bois: o Barroso e o Moraes”.
Gil Pacini |
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