segunda-feira, 17 de julho de 2017

Representação Interna

Por Giobert M. Gonçalves



Outro dia eu peguei carona com um amigo e ele começou a comentar a respeito de seu trabalho, até que em determinada hora disse: “Porque só tem gente que quer se aproveitar da gente!” Ele estava se referindo as pessoas que fizeram algum tipo de sacanagem com ele. Isso me fez lembrar na hora, da época em que eu administrava uma grande confecção. Estávamos sempre procurando novos fornecedores de acabamentos como bordados ou estamparias e mesmo oficinas de costura. As pessoas me ligavam pra saber se eu conhecia algum fornecedor novo e sempre passava dicas. E quando eu precisava acontecia o mesmo. Comentei para o amigo que comigo era assim, no que ele retrucou: “É que na sua área não acontece isso, a minha área é muito concorrida” Eu quase respondi que, na verdade, era no meu planeta que isso não acontecia, só no dele.
Como as pessoas criam uma imagem de mundo e se agarram a ela, mesmo sendo uma imagem incômoda! Pra que sofrer tanto? Claro que existem pessoas como ele descreveu, mas todas as pessoas são assim? Não, mas como ele acredita nisso, é isso que ele vai ver no mundo, é isso que vai sobressair de todas as suas experiências!
Na PNL, Programação Neurolinguistica, existe um pressuposto que vou transcrever aqui:

“Há uma diferença entre a realidade e a experiência da realidade de um indivíduo, ou seja, entre REALIDADE OBJETIVA e REALIDADE SUBJETIVA. As interações de uma pessoa com o mundo não são baseadas na realidade objetiva, são baseadas na sua percepção subjetiva da realidade”

E continua: “Toda pessoa desenvolve um modelo individual e subjetivo de mundo” E finaliza: “Não é a realidade objetiva que limita ou favorece as pessoas, mas sim as escolhas percebidas como disponíveis a partir de seus próprios modelos de mundo” Ou em palavras muito simples:

NÃO INVENTA HISTÓRIA ONDE NÃO EXISTE, POR FAVOR!!
Aí meu amigo diz que só existe gente aproveitadora no mundo...
Uma outra pessoa me procurou porque tinha acabado de ter um filho e estava com dificuldades em mudar para a casa do marido (eles não moravam juntos ainda). Ela estava sentindo-se presa e incomodada com o primeiro filho, o que acho até normal, filho é uma responsabilidade, de amor sem fim, mas responsabilidade. Pedi para ela descrever a situação e quando descreveu como seria ser mãe, até eu achei horrível! Dentro dela tinha uma imagem de uma mãe descabelada, sem tempo para nada, fazendo faxina o tempo todo e ouvindo um bebê berrar muito. Quem conseguiria ser mãe e dona de casa com uma imagem dessas HORROOOOOOROSA!!!!! Deus me livre!!! E foi bonito que ela mesma percebeu e começamos a imaginar uma mãe mais a cara dela: dinâmica, indo fazer esportes (que ela ama), participando de todos os eventos sociais com o bebê a tiracolo, enfim, uma vida muito mais colorida que a imagem acima.
E falando em colorido, é interessante você, leitor(a), saber que essas representações internas que criamos tem toda uma gama de características como se fosse uma TV: imagem mais clara ou escura, colorida ou branca e preta, perto ou longe, e com som alto ou baixo, agudo ou grave, com ritmo ou intermitente, e até mesmo sensações como quente ou frio, macio ou áspero, leve ou pesado. Nós usamos essas referências no dia a dia sem percebermos, a gente fala: “Humm... esse ambiente está pesado”, “Está tendo ruídos nessa conversa” ou “Estou entendo tudo, está bem claro”.
Estava explicando isso para um cliente e pedi que ele escolhesse algo que detestava: matemática. E pedi que ele descrevesse: era uma imagem escura, em tons sépia como aquelas fotos antigas e o interessante, porque isso também acontece, ele via a imagem em baixo. Na imagem, ele se via querendo sair dali e fechar o livro. Sei lá onde era ali, mas o fato é que ele não queria ficar ali. Era um ali muito feio... Aí pedi que ele me falasse de algo que ele gosta muito: futebol! E ele se via correndo no campo e fazendo um GOOOOOLLLLL! A imagem era clara, colorida, brilhante. E ele ouvia a galera gritando, e se sentia o máximo. E interessante, a imagem estava em cima, ele olhava para cima enquanto descrevia a imagem, ao contrário da imagem da matemática que ele descreveu olhando para baixo.
Interessante, não? E você? Como andam as suas representações internas? Como você vê o seu mundo? Ele é claro e colorido ou escuro e branco e preto?

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