Por Isabel Galvanese
É muito estranho não ter mais por perto uma pessoa que você está acostumado a conviver.
Hoje é o primeiro dia que a Sandra não está mais aqui. Por um lado um alívio porque ela não vivia mais, estava num leito de hospital respirando artificialmente. Por outro um enorme vazio.
Sandra Mendes era uma exímia aquarelista. Sintética e de poucos traços que, com seu pincel transbordando em água, trazia manchas que de certa forma eram exatas para o papel.
Uma pessoa forte, prática, enérgica, sem deixar de ser generosa, companheira e amorosa.
Mulher de memória impressionante, costumávamos chamá-la de HD externo do Carelli.
_ Como é mesmo o nome do professor do Matisse?
_Gustave Moureau.
_ E daquele pintor com o defeito no braço?
Olhávamos imediatamente para a Sandra, que sempre tinha a resposta certeira.
Arquiteta descalça, habilidosa para reformar, colocava janelas, abria passagens, adaptava móveis criando ambientes luminosos, saudáveis e sem frescura.
Sem falar da deliciosa cozinheira que era e de sua mesa sempre cheia de amigos e boa conversa.
Mulher de memória impressionante, costumávamos chamá-la de HD externo do Carelli.
_ Como é mesmo o nome do professor do Matisse?
_Gustave Moureau.
_ E daquele pintor com o defeito no braço?
Olhávamos imediatamente para a Sandra, que sempre tinha a resposta certeira.
Arquiteta descalça, habilidosa para reformar, colocava janelas, abria passagens, adaptava móveis criando ambientes luminosos, saudáveis e sem frescura.
Sem falar da deliciosa cozinheira que era e de sua mesa sempre cheia de amigos e boa conversa.
Tínhamos, nós duas, um assunto paralelo. Aprendi com ela a plantar palmitos, comer cabeludinha, cozinhar fruta pão e assar tainha. Observadora da vida da mata, Sandra guardava, para me mostrar na segunda- feira, besouros dourados e joaninhas verde limão. Essa era nossa conversa predileta, quase como adolescentes fugíamos um pouco no meio da aula para cochichar a natureza!
Ontem, quando ela ainda estava viva, mostrei para todos um ninho que se formara no teto do ateliê. Quase como quem faz uma oração, nesse momento, senti uma enorme falta. Silenciosamente descobri que, para mim, só perto dela o canto do sabiá fica mais completo!
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