No final da tarde, ela chegou e me perguntou: - Estamos bem?
Eu sorri e respondi
que sim, como se minutos antes eu não estivesse convencida de que o melhor
seria mantermos distância uma da outra.
As nossas diferenças
nos colocam em dois pólos opostos e, geralmente, lidamos bem com isso, exceto
na manhã que antecedeu essa conversa.
Tudo começou quando
ela me disse que não tomaria a vacina contra a COVID-19. Não que eu tenha
ficado surpresa, mas ouvi-la dizer isso em alto e bom tom me irritou.
Sempre busquei
respeitar as opiniões dela, mas eu havia acabado de ser vacinada e me sentia
tão feliz, que não consegui compreender como alguém poderia recusar fazer o
mesmo.
Assim, começou a nossa
troca de palavras rudes ditas com vozes alteradas.
Logo a turma do “deixa
disso” se aproximou para nos acalmar, afinal, estávamos em um ambiente de
trabalho.
Alguns “curiosos”
fingiam-se chocados e, antes que os “fofoqueiros” pudessem pensar na história
que contariam no andar de baixo, decidi deixar o prédio e caminhar um pouco.
Eu estava tão brava
com ela, jurei que passaria a ignorá-la, não aceitaria mais conviver com “esse
tipo de gente”.
E, passado apenas
poucas horas, lá estava eu sorrindo pra ela, dizendo que estava tudo bem.
– Eu não estou pronta
para tomar a vacina, sei que sou minoria. Ela me explicou.
Foi nessa hora que eu
pedi desculpas por não tê-la tratado com respeito, apesar de não concordar com
a decisão dela.
O que me fez mudar de
ideia tão rápido e manter a nossa amizade foi a atitude dela de vir falar comigo.
Eu não teria agido
dessa forma e de repente percebi que se ela não é perfeita, eu também não
sou. E, dessa vez, ela foi diferente de mim até que foi bom.
Estamos bem?
Sinceramente, acho que ninguém está bem.
E viva o SUS!
Nenhum comentário:
Postar um comentário