quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Monet e seu jardim



Por Isabel Galvanese

Monet era um apaixonado por jardins. Gostava muito e conhecia as plantas, mas principalmente usava seu jardim como inspiração para seus quadros. Num determinado momento de sua vida constrói uma casa cor de rosa em Giverny, pequena cidade próxima a Paris, e começa um projeto de jardinagem e pintura que se confundem em força. Uma relação intima entre essas duas paixões. Suas ninféias, tão conhecidas nos quadros, estão ( até hoje!) num lago do seu jardim com chorões nas bordas e uma ponte japonesa.
O jardim para ele era coisa séria. Tinha muitos jardineiros para manter todas as plantas com saúde e crescendo compartilhando espaços. Seu interesse era a luz, pintava várias vezes o mesmo motivo em diferentes horas do dia. Chegou a pintar quatro quadros simultâneamente da mesma catedral , um para a manhã, outro ao meio dia, outro a tarde e outro a noitinha. É muito interessante vê-los ao mesmo tempo e sentir todas as cores que neles variam.
Quando eu penso um jardim, também tento pensar como Monet, não só na variação da luz do dia, como também da luz e das cores durante todo o ano. Em cada estação tento ter, uma flor ou um fruto em seu total esplendor. Se tem um mês que o jardim está mais sem graça, trato de observar as plantas pela cidade, buscando uma que esteja na sua maior beleza. Arrumo então um lugar no jardim para que ela possa crescer, assim sempre tem flores diferentes.


Monet foi o primeiro artista que eu me interessei. Talvez porque temos a paixão por plantas em comum. Mas a maneira como ele traduz essa beleza natural em pintura é algo muito além do que uma simples paixão. Foi a partir de uma observação de um quadro de Monet - " impressão, nascer do sol"- que o nome impressionista surgiu de um comentário de um crítico , de forma pejorativa pois não tinha gostado do quadro. Mas Monet e seus colegas usaram esse nome para batizar o importante movimento de arte do século 19, em que buscavam olhar a luz na natureza. A sala das ninféias no museu L´orangerie em Paris é algo especial! Esse espaço foi pensado pelo próprio Monet que deixou um desenho de como os quadros das Ninféias deveriam estar expostos. Uma sala oval, com um teto de vidro para a entrada da luz natural e um banco para sentar e contemplar por muito tempo. Dá para ficar horas ali, você se sente num jardim, mas um jardim quase abstrato cheio de cores incríveis. O céu vai variando e a luz da sala acompanha o que torna a cada momento os quadros diferentes, como na natureza.


Muito tempo depois de sua morte Monet é revisitado pelos artistas americanos, principalmente seus últimos quadros. Dizem que sua obra foi uma das influências para a arte abstrata americana. Não duvido.
Se você gosta de jardins e do Monet, vou dar uma dica de leitura. Gosto sempre de olhar os livros infantis sobre pintores, e tem um que se chama "Linéia nos jardins de Monet "que é muito sensível! Conta a história da viagem para a França de uma menina sueca , Linéia, e seu vizinho jardineiro aposentado, Seu Silvestre, para conhecer os quadros de Monet e o jardim da casa rosa em Giverny. Linéia conta essa viagem num diário, muito bonito e bem ilustrado onde mistura a paixão deles pelos jardins e pela pintura.
Somos todos um pouco Monet quando percebemos os laranjas do outono, os azuis e liláses do inverno, os verdes e vermelhos da primavera e os amarelos e branco do verão.
É claro que no meio dessas cores tem muitas e infinitas outras cores a mais, basta olhar e se impressionar!



                                                



     
     
     
       

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