Ela nunca foi tão ativa, parecia mesmo que tinha rodinhas
nos pés.
Só de olhar para ela, já dava uma canseira que doía os
ossos. Os amigos ficavam admirados ao ver o pique da guria.
Ela tinha dispensado ajudante e cuidava sozinha dos afazeres
da casa, antes de deixar o filho pequeno na escola e ir ao trabalho aonde permanecia
até a noite. Ainda encontrava tempo para ir à academia.
Fazia tudo isso como se estivesse em uma competição de
revezamento, dando sempre o melhor de si.
Quando chegava o fim de semana, quando a maior parte dos
normais relaxa e dorme, ela continuava ligada. Com fôlego redobrado.
E o marido? Bem, alguém tinha que ficar em casa, respondia
ele quando indagavam porque não acompanhava a mulher nessa acelerada
rotina diária.
Mas, o fato é que os dois viviam em rotações diferentes.
Ela, para evitar confusão, mas completamente insatisfeita com o passo- compasso
do companheiro procurava mostrar essa falta de sintonia com atitudes.
Ela ainda não tinha percebido que poucos homens são dotados
de sensibilidade capaz de ouvir as palavras que não são ditas.
Ela acelerava e, ao invés de pular nessa motocicleta em
disparada, ele ficava para trás. No ponto de onde ambos tinham partido.
A distância entre os dois aumentou.
Um dia o pneu poderá furar e ela precisará descer da moto,
quem sabe aí sentirá falta dele.
Perceberá que viver em alta velocidade não tem graça nenhuma
se estiver sozinha na linha de chegada.
Ou, estará tão, mas tão distante que não lembrará o caminho
de volta.
Entre uma nova moto e um novo parceiro, qual dos dois ela
vai escolher?
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