A cidade de Praia Grande, divisa entre os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no Brasil, é a porta de entrada para conhecer alguns dos canyons mais bonitos do mundo.
Ao
contrário do que sugere o nome do município, Praia Grande não fica no litoral, mas
ao pé da Serra Geral, no sudoeste do município de Araranguá.
A cidade
tem esse nome porque fica em um grande “despraiado”, um imenso lençol de seixos
rolados.
A aventura já começa ao percorrer o caminho que leva até os Canyons. A estrada é longa, a maior parte dela é de terra, ainda bastante rústica
e mal sinalizada.
Pedras, curvas estreitas e,
dependendo do horário, falta de visibilidade por causa da neblina.
Mas, além de tudo isso, a Serra do Faxinol, como é chamada essa estrada que liga os municípios de Praia Grande a Cambará do Sul, também é muito bonita.
Vá com calma porque essa serra guarda alguns segredinhos deliciosos, como o Sítio Querência Macanuda, que significa “Lugar querido, amado e bonito”, onde eu fiz uma degustação de geleias, mel e antipastos. Lá eu conheci a Tri Geleia de chocolate, banana e laranja, hummmm...
O nosso
guia turístico, chamado Leonardo, nascido na cidade, explicou que a Serra do Faxinol tem esse nome por causa de uma planta muito
comum por lá e que era usada antigamente pelas mulheres para varrerem a casa,
ou seja, para fazerem faxina.
Com o
objetivo de preservar esse lugar, foram criados dois parques nacionais:
Aparados da Serra e da Serra Geral.
Existem
várias opções de passeios para conhecer os Canyons, com graus de dificuldades
diferentes.
Além do
esforço físico, o tempo instável é outro fator que interfere na escolha do
passeio.
É bem comum os visitantes voltarem frustrados do passeio por não conseguirem vislumbrar a paisagem devido à neblina.
Nós escolhemos ir primeiro no Canyon Fortaleza. Durante o trajeto, que durou quase 2 horas, o nosso guia nos contou um pouco sobre a história da pequena cidade de Praia Grande.
Segundo o nosso guia, os primeiros visitantes a descobrirem os Canyons da região foram os mochileiros, antes disso a economia do município dependia apenas da agricultura.
A chegada dessa turma despertou a curiosidade dos moradores, que ainda não tinham se dado conta do potencial turístico que tinham bem acima dos seus olhos.
Atualmente,
a cidade de Praia Grande é reconhecida como a Porta de Entrada para os Canyons.
Nós chegamos a um ponto da serra, onde tem uma casinha abandonada e o nosso guia Leonardo explicou que bem naquele trecho havia ocorrido uma luta muito sangrenta durante a Revolução Federalista (1893-1895).
A entrada
de acesso para o Canyon Fortaleza é gratuita. Com medo de que o tempo ficasse nublado e impedisse que ver a paisagem, nós caminhamos primeiro em direção ao mirante.
Olhando de
longe parece uma caminhada extenuante, mas não é. Isso dito por alguém que não é muito
amante de esportes.
Quando você for aos Canyons é importante levar um lanche para fazer um piquenique porque não existe nenhum lugar para comprar lanche ou água.
Nós demos sorte e quando chegamos no ponto mais alto do canyon (mirante) a visibilidade estava excelente e foi possível ver a cachoeira da “Gravata do Noivo”, um visual que fez valer a pena a caminhada.
Não se esqueça de ir de tênis, de preferência velho, porque o lugar é muito úmido e existe 90% de chance de você atolar o pé na lama.
Se você for
muito cuidadosa, de qualquer forma poderá molhar o tênis ao atravessar o Rio do
Tigre Negro. A água
desse rio é muito gelada, mas não tem outra forma de atravessá-lo se não for se
equilibrando entre as pedras.
Eu encarei
o desafio e o prêmio pela minha coragem foi avistar do outro lado do rio a cachoeira
chamada de “Véu da Noiva”.
A partir desse trecho, nós caminhamos mais alguns minutos e chegamos a um lugar meio místico, onde está Pedra do Segredo.
A pedra tem
esse nome por causa da forma como está disposta em cima de uma outra pedra,
totalmente equilibrada e isso desperta a imaginação dos visitantes.
Quase não conseguimos ver a pedra por causa da neblina.
Quase não conseguimos ver a pedra por causa da neblina.
- Como ela
foi parar lá?
Ouvi até
algumas pessoas dizendo que teria sido obra de extraterrestres. Será, kkk?
Nós
sentamos um pouco para descansar e observar a pedra do segredo.
É
impossível não se sentir minúsculo diante da imensidão da natureza.
Na volta, repetimos a aventura, mas dessa vez já estávamos preparados para enfrentar a água gelada do rio e pouco ligamos se o tênis ficaria molhado.
Por causa
disso, aproveitamos mais e conseguimos dar boas risadas da situação.
Antes de
nos despedirmos do nosso guia, ele preparou um chimarrão e bebemos todos juntos
ao dia inesquecível.
No dia
seguinte, nós fomos até o Canyon Itaimbezinho, que está localizado no Parque
Nacional Aparados da Serra. Os paredões verticais chegam a 700 metros de
altura.
O Parque
Nacional dos Aparados da Serra foi criado em 1959, graças ao trabalho do padre jesuíta
gaúcho Balduino Rambo (1905-1961).
A visitação
ao Canyon Itaimbezinho ocorre de terça-feira a domingo, das 8h às 17h. O
ingresso para o público em geral custa R$ 14,00. O valor do estacionamento para
veículo é R$ 5,00.
É proibido
camping, fogueira, banhos nas cachoeiras e entrada de animais domésticos.
Nesse Canyon existe uma estrutura melhor para os turistas e as trilhas são bem sinalizadas.
Novamente, eu aviso que não existe qualquer tipo de comércio no local, por isso, prepare um lanche para fazer um piquenique.
Existem duas opções de trilha para chegar em pontos diferentes do Canyon de Itaimbezinho.
A mais curta que é
chamada de Trilha do Vértice, com cerca de 1400 metros (ida e volta).
Nós
percorremos a trilha mais longa, com duração de 3 horas. São 6 mil metros de
distância, ida e volta, e podem ser percorridos a pé ou de bicicleta. Essa
trilha fica aberta ao público até às 15h.
O percurso
é demorado, mas o terreno até o Canyon de Itaimbezinho é plano e sombreado
pelas árvores.
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