Por Lenise Raplavschi
Quando a Dani me convidou para ser “articulista” em
seu encantador blog, eu achei o máximo! Adoro cinema e geralmente assisto
a vários filmes por semana. E pensando em que filme eu poderia abrir esta sessão,
lembrei de um que assisti recentemente: A Senhora da Van.
A atriz Maggie Smith – de quem sou fã – dispensa
apresentação. Ela é ímpar. No auge dos seus 81 anos, foi perfeitamente
escolhida para interpretar Miss Shepherd, a protagonista do filme A Senhora da
Van, em cartaz no circuito nacional.
O cenário é Londres, no bairro de Camdem Town, entre
as décadas de 1970 e 1980. A protagonista, Miss Shepherd, é uma senhora que,
após um acidente envolvendo o veículo que dirigia, passa a viver dentro de uma
van desde os 39 anos de idade. Ela é ranzinza, rabugenta e cheia de manias, inclusive
a de não tomar banho.
Ao longo da sua trajetória itinerante, ela vai escolhendo
aleatoriamente as casas defronte das quais estacionará a sua fétida moradia,
para o terror dos moradores. Até que vai parar em frente à casa do escritor e
dramaturgo Alan Bennett, que vivenciou a inusitada história verídica e escreveu
o livro homônimo. Miss Shepherd acaba vivendo por mais de uma década em sua van
estacionada literalmente na garagem de Bennett. No filme, Bennett é
interpretado pelo inglês Alex Jennings, conhecido por papéis nos filmes A
Rainha, Babel e Bridget Jones: No Limite da Razão, entre outros.
Os dois protagonistas são aparentemente opostos, mas
aos poucos nasce uma improvável amizade e o enlace de uma cumplicidade, embora
Miss Shepherd não se mostre muito receptiva à demasiada paciência e educação de
Bennett. Enquanto ele demonstra interesse pela bizarra trajetória da velha
senhora, deixando Miss Shepherd usar seu banheiro e depois a sua garagem, ela
frequentemente o trata com rispidez e mal agradecimento.
A essência do filme está na tolerância que
poderíamos ter com pessoas abandonadas e desamparadas, mentalmente e
socialmente. Para mim, ela é como tanta gente que se isola do mundo e vive à
sombra da sociedade, como os andarilhos, as quais fingimos não ver. Quase
nenhuma encontra um Bennett para contar a sua história, como Shepherd, uma
personagem rica pelas suas excentricidades e autenticidade.
Com ingredientes que facilmente poderiam levar ao
sentimentalismo barato, A Senhora da Van, ao contrário, é um filme que fica
longe disso. Inteligente e com tiradas ácidas e instigantes, o filme é uma
delícia de assistir. Confira.
Confira o trailer em:
https://www.youtube.com/watch?v=JqcnX5Ii0mk
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