sábado, 16 de abril de 2016

Vale a pena conhecer o Deserto do Atacama?


América do Sul

Deserto do Atacama - Chile


Sempre que me fazem esse tipo de pergunta eu respondo que sim. A minha opinião é que sempre vale a pena conhecer um lugar diferente, mas isso não é uma regra.
Eu fiquei seis dias nesta região, considerada uma das mais secas do mundo, onde os visitantes precisam estar preparados para condições extremas de temperatura e clima.

Quem planeja conhecer o Deserto do Atacama precisa estar preparado para sentir a boca, o nariz e os olhos ficarem ressecados. Existem alguns remédios que ajudam a superar o desconforto e não é bom ignorá-los na hora de fazer as malas.
Acrescento a isso o fato de que alguns dos lugares mais lindos e impressionantes no Deserto do Atacama ficam a uma altitude de 4.900 metros.

As agências aconselham a programar esses passeios para o final da viagem, quando o corpo já está mais acostumado com a altitude. Mesmo obedecendo ao conselho, eu senti um pouco de dor de cabeça e falta de ar. Nada que tirasse o brilho, mas um pouco desconfortável.
Outro desafio para quem visita o Deserto do Atacama é estar preparado para temperaturas tão diferentes que no mesmo dia, dependendo da época, podem oscilar entre 28º graus e –2º graus.
Quando eu estava me preparando para viajar, esse foi um dos principais dilemas. O que levar na mala, considerando que o peso não pode ultrapassar 23 quilos, o limite permitido pela companhia aérea?


Conforme eu for contando sobre os passeios, vou explicando sobre as roupas ideais para serem usadas em cada um deles, de acordo com a minha experiência.
Por tudo isso, o Deserto do Atacama é considerado uma terra de extremos, ideal para quem gosta de viagens de aventura.
Lá a paisagem se confunde entre vulcões, Gêiseres, meteoritos, lagunas, animais selvagens, rochas gigantes e uma planície que parece não ter fim. Nada vai te preparar para conhecer paisagens que parecem saídas de um sonho.

O jeito mais fácil de conhecer o deserto é ficar hospedado na cidade de São Pedro do Atacama, um pequeno oásis para os turistas.
A minha viagem até São Pedro começou com um voo de 1 hora e meia, que partiu de Santiago até o aeroporto de Calama, um lugar quase inóspito, fica em um pequeno vilarejo que guarda a maior mina de cobre do país.
Ainda no aeroporto de Calama é possível pegar o transfer e ir até São Pedro do Atacama, isso nos custou 20 mil pesos chilenos, considerando a ida e volta. A viagem durou mais 1 hora e meia.
Em alguns locais, ao lado da pista de asfalto da estrada, dá para ver os memoriais construídos pelos moradores locais em homenagem aos mortos por acidentes de trânsito.

Esses memoriais chamam a atenção porque são enfeitados com flores e outros objetos pessoais, um deles era enorme e expunha um veículo todo quebrado, provavelmente o mesmo envolvido no acidente.
É meio macabro, mas por ser algo diferente e bem tradicional por lá, eu fiquei com vontade de descer do ônibus e fotografar, mas tive juízo e não fiz isso. kkkk

A paisagem entre Calama e São Pedro do Atacama mostra um infinito de montanhas, algumas com fragmentos de neve, com cores que vão do vermelho ao ocre, passando por muitas nuances, conforme a sombra do sol se desloca e, com isso, a gente acaba esquecendo todo o resto.
Na ida, o nosso motorista fez uma parada no Vale de La Luna. O melhor horário para ir ao local é durante o pôr-do-sol, mas mesmo de manhã é muito bonito.
O transfer nos deixou em frente ao nosso hotel, chamava-se Patta Hoiri (que na língua antiga "Kunza" significa Mãe Terra).

O nosso quarto era grande, com uma cama espaçosa e um banheiro confortável. Quando chegamos o sol estava a pino, mas reparei que no quarto a temperatura era fresca e agradável, apesar de não ter ar- condicionado.

Esse hotel é uma excelente dica para quem for conhecer a cidade de São Pedro do Atacama e quiser ficar em um lugar confortável e próximo a rua principal.
Ele fica próximo à Rua Caracoles, o coração deste vilarejo, onde estão localizados vários restaurantes e agências de passeios turísticos.

Nós fechamos os nossos passeios na Agência Latchir e ficamos muito satisfeitos com a decisão. Muita gente me pergunta se é melhor contratar os passeios pela internet, antes de ir a São Pedro do Atacama.
Eu acho melhor esperar para negociar um melhor preço quando estiver no vilarejo porque é possível obter bons descontos.

Pelas ruas do centrinho, você vai encontrar também muitas lojas de câmbio, onde poderá trocar o dinheiro pela moeda local. Nestes mesmos lugares, são vendidos roupas e artesanatos. Tudo junto e misturado.
Eu percebi que em São Pedro tem muitos carabineiros (policiais) e é proibido beber nas ruas, sendo permitido apenas dentro dos comércios. Apesar do grande fluxo de turistas, a atmosfera é tranquila.

No primeiro dia, almoçamos no Restaurante As Delícias de Carmen, que serve pratos típicos como o pastel de choclo.
O pastel de choclo é diferente do pastel que estamos acostumados no Brasil. Ele é servido em uma tigela redonda de barro, uma espécie de escondidinho de carne coberto por uma massa de milho. O gosto fica entre o doce e o salgado.

Saindo de lá eu fui provar um sorvete de iogurte, escolhi o de “chañar”, uma fruta típica que lembra um pouco o gosto de caramelo só que mais suave.

A cidade de São Pedro do Atacama é muito rústica, com casinhas de adobe ou pedras e telhados de palha, mas existem ótimos restaurantes e hotéis.
Apesar de estar no meio do deserto, o pequeno vilarejo oferece todos os serviços importantes para os turistas, existem Farmácia (botica), Operadora que vende o chip para celular, entre outros.

A igreja de São Pedro do Atacama é uma construção singela, mas muito histórica. Construída em 1557, ela foi reconstruída várias vezes. A primeira vez foi em 1889, quando foi totalmente destruída após um incêndio. 

A segunda vez em que a igreja foi à ruína aconteceu em 1950 devido a um terremoto. Um ano depois, a construção foi declarada monumento histórico nacional. Depois disso, ela ainda foi alvo de vários atentados.

A noite, a temperatura cai drasticamente. Com coragem e incentivados pela fome, nós fomos jantar no Restaurante Adobe, outra ótima escolha.
No meio do restaurante tem uma fogueira que aquece todo o ambiente. Nós pedimos o prato da promoção – poio (frango), salada e batatas (5 mil pesos). A cerveja foi mais cara.

Nos próximos posts eu vou contar sobre os passeios que fizemos no Deserto do Atacama, com algumas dicas importantes para que você tenha uma viagem inesquecível, como eu.

Por enquanto, separe os itens essenciais: óculos de sol, protetor solar para o rosto e para a boca, creme hidratante, colírio para os olhos, remédio para umedecer o nariz boné, além de boné/ chapéu e lanterna. Nem preciso, falar da máquina fotográfica, não é?

Gostou? Leia também:

Parte II - Deserto do Atacama: Meteoritos e a Lagoa mais salgada que o Mar Morto
Parte III - Deserto do Atacama: Se eu estiver sonhando, não me acorde!






 


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