A casa rosa, no Cosme Velho, já foi palco de muitas festas esplendorosas, com artistas nacionais e internacionais desfilando pelo jardim.
Durante 60 anos, lá viveu um dos homens mais importantes do Brasil, dono do conglomerado Globo, o jornalista Roberto Marinho.
Se as paredes da casa falassem, imagino quantas histórias elas teriam para nos contar...
Hoje essa casa, que fica encravada na Floresta da Tijuca e aos pés do Cristo Redentor, se transformou em um importante centro de arte moderna.
Logo na entrada, eu fiquei impressionada com a recepção dos porteiros. Eles realmente pareciam felizes em recepcionar as pessoas e essa energia me acompanhou durante todo o passeio.
A casa impressiona, mas antes de entrar eu decidi dar uma volta para conhecer a área externa.
Após passar pela fonte, virei a direita, atravessei uma pequena ponte sobre o Rio Carioca e logo cheguei a um belo jardim.
O jardim é um elemento essencial da casa. Ele foi projetado por Burle Marx e abriga diversas espécies da mata atlântica.
O jornalista criava carpas e muitas continuam lá, enormes.
O jornalista criava carpas e muitas continuam lá, enormes.
Pela proximidade com a Floresta, muito macaquinhos vão até a casa se alimentar nas árvores frutíferas. Eu vi alguns enquanto estive lá.
Nos anos 1930, o jovem Roberto Marinho era amigo de muitos artistas da sua geração.
Ao visitar os ateliês e galerias para prestigiar as mostras de Portinari, Guignard e Pancetti, ele foi adquirindo as obras e formando sua coleção particular.
Eu li que parte do acervo de 1.473 itens já adornava as paredes quando ele e dona Lili Marinho estavam lá.
Djanira - Autorretrato (1944) |
As pinturas de Djanira são coloridas e apresentam personagens encantadores, festejos populares, o trabalho e os trabalhadores, a religiosidade afro- brasileira, entre outros.
Ela se inspirava nas pessoas simples, nas brincadeiras das crianças nas ruas e em cenas do dia a dia
Por muito tempo, a obra de Djanira foi rotulada como primitiva ou ingênua, classificações hoje que são vistas como preconceituosas.
Portanto, na mesma sala, convivem a leveza de Marc Chagall, a pintura metafísica do grego- italiano De Chirico e as ilustrações surrealistas de Salvador Dalí.
Preciso dizer que fiquei encantada pelos riscos poéticos de Jean Cocteau.
Também me impressionou o setor com as litogravuras de Debret. São 93 desenhos onde o pintor retratou os costumes do Brasil, além da fauna e da flora.
É um importante registro histórico e oferece uma visão da desigualdade no nosso país, que foi o último a abolir a escravidão.
Quem for até lá esperando encontrar um culto ao dono da Globo vai se decepcionar. Da época em que Roberto Marinho morava na casa só existe uma referência e está escrita no vidro de uma janela, indicando que era a sacada original do quarto dele.
No final do passeio, aproveitei para conhecer o café e a livraria.
A Casa Roberto Marinho é o tipo de lugar que vale a visita independente da exposição. Na quarta-feira a entrada é gratuita. De 3ª a domingo, o ingresso custa R$ 10,00.
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